Em uma de suas obras mais difundidas mundialmente, Pedagogia do Oprimido, Paulo Freire critica o modelo de educação “tradicional”, que ele chama de educação bancária, e defende a necessidade de promover o protagonismo do estudante em relação ao seu próprio processo de aprendizagem, ideia que ele denomina como educação libertadora ou problematizadora.

Para ele, quando o professor apenas replica conteúdos e o aluno os absorve, temos um processo que transforma o estudante em um depósito de conhecimentos sem contexto e problematização. Em contraponto, a partir do momento que o professor passa a estimular a participação e questionamentos, podemos dizer que está realmente acontecendo um processo de aprendizagem.

"As pessoas aprendem a raciocinar e a problematizar o que veem na realidade e não assistir sempre a uma coisa que vem do céu, como se elas só assistissem ao mundo ou vendo televisão"

Mas porque é importante colocar o aluno no centro?

Quando falamos em aluno protagonista não quer dizer, necessariamente, que qualquer outra pessoa envolvida no processo de aprendizagem será automaticamente um coadjuvante. Pelo contrário, se pensarmos no personagem que guiará esse aluno ao protagonismo, temos a figura do professor! O estudante como protagonista é o objetivo final do processo de aprendizagem, e todos os esforços dessa trilha de conhecimento precisam ser voltados para atingir esse objetivo.

Sem estímulos, a educação brasileira estaria fadada a repetir, replicar e absorver conteúdos sem filtro. Ou seja, não estaríamos formando pensadores e críticos, mas sim cidadãos robotizados e acostumados à realidade imposta.

Outro pensador que defende a ideia da educação enquanto processo libertário é Jean Jacques Rousseau, que cunhou o termo educação natural. Na concepção dele, são os interesses do aluno que direcionam o aprendizado, formando uma educação lúdica e interativa. Para além disso, ele defende que o homem não é formado apenas de intelecto mas também de emoções, instintos e subjetividades, e tudo isso portanto deve ser contemplado dentro de um processo de aprendizagem.

Benefícios de estimular esse protagonismo

Tanto na formação enquanto cidadão, quanto na construção de uma sociedade pensante e crítica, os impactos da educação focada no aluno são imensos. Quando penso nisso, logo me vem à mente a música clássica do Pink Floyd, Another Brick On the Wall. E é desse cenário de automatização e condicionamento que queremos fugir!

Recentemente a Universidade de Cambridge lançou um artigo sobre a importância de colocar o aluno no centro do processo de aprendizagem, chamado de Getting started with Active Learning. Sobre os benefícios disso para o desempenho do estudante, os pesquisadores afirmam que:

“Os alunos desenvolvem seu conhecimento e compreensão para atingir níveis mais profundos de entendimento. Isso significa que os alunos são mais capazes de analisar, avaliar e sintetizar ideias (…). Professores qualificados tornam esses níveis mais profundos de compreensão mais possíveis ao fornecer ambientes de aprendizagem, oportunidades, interações, tarefas e instruções que estimulam o aprendizado profundo.”

Portanto, muito mais que uma tendência educacional, o protagonismo do aluno é uma necessidade pedagógica e social! Entendendo isso, podemos começar a elencar alguns benefícios mais diretos.

Desenvolvimento de competências e habilidades socioemocionais

Falamos até agora de filosofias e uma visão mais pedagógica, mas ao mesmo tempo também precisamos levar em consideração o mercado de trabalho e suas exigências. Cada vez mais um bom profissional precisa ter bem desenvolvidas suas competências socioemocionais, seja para lidar com pressões ou relacionamento interpessoais.

E é justamente na fase de aprendizado que essas habilidades são desenvolvidas. Mas é claro que, para que isso aconteça, o estudante precisa de estímulos constantes que o tirem da sua zona de conforto. E é aí que ele começa a adquirir protagonismo no seu processo de ensino e aprendizagem.

Autonomia e responsabilidade

Ao sair de sua zona de conforto e ser inserido em um contexto que o desafia, e estimula sua criatividade, esse estudante passa a adquirir um maior senso de responsabilidade sob a sua aprendizagem e seu futuro. Com isso, aliado aos estímulos que mencionamos anteriormente, o aluno desenvolve mais autonomia para resolver problemas e saber lidar com as dificuldades que a vida lhe impõe.

Criatividade

Um dos resultados mais subjetivos da aprendizagem por protagonismo é oferecer ao estudante possibilidades para que ele desenvolva um pensamento voltado à criatividade. Isso porque exige que ele lide com as situações mais complexas e busque soluções alternativas, pouco óbvias e por consequência, criativas.


Espírito de equipe e trabalhos multidisciplinares

Quando pensamos nas atividades práticas que o professor irá promover para desenvolver esse protagonismo, é muito importante ter em mente que quanto mais diversidade de conteúdos e quanto mais mentes atuando juntas, melhor!

Ou seja, as dinâmicas em grupo são essenciais, uma vez que auxiliam muito a criação desse espírito de equipe e oferecem ferramentas para que ele consiga lidar com a multidisciplinaridade, preparando-o cada vez mais para o mercado de trabalho.

24° FNESP: É sobre o estudante, sim!

Entre os dias 29 e 30 de setembro acontecerá a 24ª edição do FNESP, o Maior Fórum de Ensino Superior da América Latina, que terá como temática central “É sobre o estudante, sim! Mais do que oferta de conteúdo, é sobre uma experiência memorável.”

Segundo apresentado pela organização do evento, a educação superior é umas das bases da democracia, sustentando também a ciência, promovendo inclusão social e possibilitando o aumento de renda, desenvolvimento social, econômico e tecnológico. Conforme defendido pelo FNESP:

“Para que o ensino superior desempenhe todos esses papéis, as instituições de ensino precisam ter uma missão clara, compreendendo o perfil e as principais demandas de seus estudantes. Uma IES necessita não apenas de capacidade para proporcionar aprendizado aos seus estudantes. É preciso ir além e oferecer experiências memoráveis por meio de um modelo acadêmico que engaje, motive e instigue os estudantes a não só permanecerem na instituição, mas a se tornarem porta-voz da mesma.”

Mas falando em uma educação inovadora e protagonismo do aluno, como isso tudo pode se tornar realidade no ensino à distância? Você pode descobrir isso conversando com a gente, lá na Ilha de Inovação do FNESP. Estaremos te esperando para entender melhor sobre como tornar uma aula online memorável!