Por muito tempo desconsiderei cursos de EAD, tinha receio e preferia os encontros presenciais. Acreditava que eram mais produtivos e de qualidade. Vim de uma formação bastante tradicional, pautada no contato e olhar direto com o professor e, sendo educadora, apostava totalmente em aulas onde os alunos têm a possibilidade de estar face a face com os educadores.
Aos poucos minhas crenças foram se desfazendo e eu fui compreendendo qual o papel do ensino a distância. Percebi que há sim diferenças nos formatos presenciais e virtuais, mas nem por isso um é inferior ou superior ao outro. O que de fato importa é ter claro nossos objetivos e expectativas e estes estarem alinhados com o curso que desejamos fazer, seja ele online ou não. Também, ter a mente aberta para experiências novas, pois há sim uma adaptação inicial quando optamos por estudar de forma online.
Como é realizar cursos livres no formato de EAD
Ao longo dos anos e com a popularização dos cursos EAD, acabei fazendo e ainda faço vários. Desde cursos de curta duração (cursos de aperfeiçoamento) até pós graduação. Já experimentei diferentes plataformas, metodologias de ensino e formatos de cursos EAD (com e sem presença de professores e tutores). Sinceramente, não existe melhor ou pior, é como disse anteriormente: depende muito do nosso objetivo e expectativa. Agora, vou tratar de 4 tópicos que acredito serem importantes para a escolha de um curso online.
Organização pessoal: parece que a opção por estudar sem sair de casa seja muito mais tranquila do que, diariamente ou semanalmente, ir até uma instituição de ensino. Bem, isso não é uma verdade completa! Não é fácil organizar os estudos e ser totalmente responsável por eles. Digo isso pois, apesar de ser super responsável com minhas atividades educacionais, já perdi várias vezes entregas de trabalhos. Como não tenho a obrigação de estar fisicamente em um lugar, preciso organizar minha mente para que ela esteja “fisicamente” conectada aos estudos. Em épocas onde nossa vida está mais corrida é normal priorizar atividades além das educacionais, porém não podemos perder a responsabilidade com os estudos. Para me ajudar, tenho sempre todas as datas atualizadas em um calendário, insiro avisos no telefone e tento acompanhar semanalmente novas postagens de materiais e atividades. No entanto, cada pessoa tem sua tática, você desenvolverá uma também.
Plataformas de ensino: para mim, essa é uma questão bem importante. Já experimentei diversas plataformas de ensino, conforme minhas escolhas de curso, e preciso admitir que já desisti de alguns em função do ambiente virtual. Procure se informar sobre o tipo de ambiente virtual, qual o tipo de tecnologia utilizada. Eu gosto de ambientes intuitivos, sem muitos acessos e opções de configuração. Não tenho muita paciência para ficar procurando informações: datas de provas e trabalhos, disponibilidade de tarefas. Essas informações precisam ser claras e de fácil acesso.
## Outro ponto é saber se seu curso vai ter ou não apoio de um professor. Caso tenha apoio do professor ou tutor, que seja fácil de contatar essa pessoa. Quando não tiver professores, a plataforma tem que ser completa, não podemos ficar cheios de dúvidas. Já fiz cursos em que eu não entendia como fazer e/ou entregar tarefas em função do sistema ser todo automatizado e não ter para quem recorrer.
Formalização: essa opção depende muito do objetivo de cada um, mas com relação a minha opinião, eu gosto de obter certificados ao final dos cursos. Eles são importantes para meu currículo e até para eu ter um histórico de tudo que faço. Se você também considera importante um certificado, encontre essas informações antes de iniciar seu curso. Normalmente nas instituições regulares isso já é trivial, mas em alguns casos não é emitido o certificado ou você pode fazer o curso de modo gratuito, mas paga se quiser o certificado ao final.
Preços: para mim, essa é uma questão bem relativa. Eu não acredito que só porque o curso é online ele deva ser mais em conta. Eu valorizo muito o conteúdo, professores e proposta do curso. No entanto, normalmente cursos online são mais em conta. Agora, é preciso dar uma pesquisada para entender como estão as ofertas presenciais e online. Ainda que eu goste muito da educação EAD, com certeza super valorizo os cursos presenciais. Inclusive, ainda acredito que determinados assuntos e tópicos de discussão precisam ser face a face. Talvez no futuro com a massificação das tecnologias imersivas eu mude minha opinião.
O que penso sobre graduações e pós graduações no formato EAD
Já realizei pós graduação EAD e acredito muito na proposta. É importante saber que instituição de ensino você deseja participar e se a mesma possui os cursos autorizados pelo MEC. Outro ponto bacana é buscar informação de outras pessoas que já realizaram esse curso, principalmente agora com a aparição de tantas faculdades EAD.
Quando eu optei pela minha pós EAD, sabia que era um curso que na minha cidade não tinha presencial. Isso foi decisivo para minha escolha, pois queria cursar design instrucional que, inclusive, é um curso que desenvolve habilidades para construir formatos de aula e materiais para ambientes virtuais. No meu caso, a proposta e o curso EAD combinaram. Nem sempre vale a pena fazer no formato online, depende de muitos fatores: disponibilidade do curso, valores, como eles são ofertados e até mesmo o tipo de experiência que você quer ter. Tem gente que gosta muito de ir até a universidade, usar os espaços da instituição, pegar livros na biblioteca etc.
Também é uma aposta para quem quer cursar alguma licenciatura. Tanto governo quanto universidades estão fomentando e dando apoio. Em algumas federais, como a UFRGS, já surgiram cursos totalmente online e gratuitos. Nesses casos vale muito a pena realizar no formato virtual, principalmente quando são instituições renomadas.
Os materiais que são disponibilizados nas plataformas
Das minhas experiências online e presenciais, posso dizer que os materiais nos ambientes virtuais de aprendizagem geralmente são de muita qualidade, arrisco a dizer que mais do que nos cursos presenciais que participei. Há uma preocupação grande em fornecer conteúdo rico, completo e de qualidade. Principalmente porque dependemos desses materiais para nos desenvolvermos no curso. Além disso, há, sem dúvida, mais variedade de materiais: revistas, sites, livros, etc. Isso não significa que todos os cursos sejam assim. Já realizei alguns em que o material deixava muito a desejar, inclusive com erros gramaticais. Por isso, retomo dizendo que é bem importante escolher o instituto e curso e não focar simplesmente em valores.
Como eu sou bastante visual, gosto das videoaulas e materiais mais ilustrativos. As apostilas me incomodam um pouco, já que eu sou mais dinâmica. Nem todos os cursos ofertam um livro base, alguns indicam leituras e pesquisas complementares.
Outro ponto legal é que, normalmente, os cursos online dão muitas dicas de materiais, muito além da proposta das aulas. Então, para quem é curiosa como eu, vale a pena!
O quanto me senti engajada
Nem sempre me senti engajada, tiveram momentos que eu quis mesmo desistir e até desisti de fato. Isso está bem relacionado com a forma como o professor ou o curso é conduzido. Eu percebi que não adianta vivermos só de leituras ou só de videoaulas. É preciso ter um equilíbrio. Para mim também é importante ter feedbacks ao longo do curso, ainda mais quando ele é longo.
Também não dei muito certo na realização de MOOCs, pois eu gosto de ter contato com o professor. Outra dica é não demorar muito para assistir as aulas e fazer os exercícios ou entregar atividades, pois perdemos um pouco a dinâmica de andamento das aulas. É preciso fazer um esforço também e não só esperar que o curso seja sempre super empolgante, pois não é. Ainda mais quando temos diversos outros compromissos além do estudo.
Sobre o uso de gamificação
A gamificação é o uso de elementos de jogos para diversas ações do cotidiano, como: resolução de problemas, realização de tarefas, engajamento no trabalho, etc. Ela também pode ser utilizada na elaboração de cursos. Tem se usado muito para práticas EAD justamente por auxiliar a reduzir a evasão dos estudos, manter o nível de engajamento e, além disso, torna o estudo mais divertido.
Esses elementos podem ser: pontuação, prêmios, rankings, entre outros. Vários cursos utilizam tais práticas e já tive o prazer de experimentar algumas. As certificações do Google for Education e Microsoft Education fazem seus cursos nessa linha. Ao final de cada curso vamos ganhando emblemas que são colecionáveis, podemos utilizá-los em assinaturas de e-mail e no Linkedin, por exemplo.
Nunca participei de uma experiência totalmente gamificada, mas o que já pude vivenciar achei bem interessante. Contribui muito para a não desistência do curso e até mesmo para o alto nível de rendimento.
Dito tudo isso…
Pretendo continuar me aventurando no mundo EAD, até porque acredito muito na proposta. Cada vez mais esse jeito de ensinar e aprender será difundido. E com o tempo essa experiência só tende a melhorar.
Daqui uns anos, certamente estaremos utilizando óculos de realidade mista e quem sabe tendo aulas com hologramas. Mas por enquanto deixaremos isso para o futuro.
Se você ainda não teve a oportunidade de viver uma prática EAD, quem sabe hoje não é o momento de começar? Faça um curso de curta duração para dar um start e compartilhe comigo o que achou.
Fonte da imagem de capa: Pexels