Cada vez mais pessoas migram para ambientes virtuais de aprendizagem e, por consequência, mais universidades, faculdades, institutos e empresas disponibilizam cursos online. A educação tem se democratizado de maneira exponencial e isso é muito positivo. No entanto, precisamos compreender esse ambiente complexo para oferecer as melhores soluções virtuais.

Já existem milhares de plataformas digitais, ambientes virtuais, e por aí vai. Mas como se dá a experiência de uso desses ambientes? Será que todas essas plataformas estão preocupadas com a facilidade de uso, estética, ergonomia, usabilidade e intuição?

Quem já experimentou cursos EAD vai responder NÃO!

Existe uma massificação de cursos virtuais e com isso, para ser possível a captação e fidelização de mais pessoas, será necessário se preocupar com a experiência desses indivíduos nesses sistemas educacionais. Para isso, é preciso investir em UX.

Neste artigo abordaremos sobre os conceitos de UX e como sua utilização pode fazer toda a diferença na estruturação e oferta de um curso EAD.

O que é UX

Você já ouviu a expressão UX? UX significa User Experience e seu termo foi concebido por Don Norman nos anos 90 quando trabalhava na Apple. Na época, com a popularização dos computadores de mesa se falava muito na péssima experiência que as pessoas tinham ao comprá-lo, levá-lo para casa e tentar montá-lo. E isso, inclusive, nos faz lembrar dos tempos em que comprávamos os computadores em partes — muitas vezes sem sistema operacional — e tínhamos que montar ou chamar alguém que entendesse de informática para nos ajudar.

Se formos parar para pensar, olha que péssima experiência! Só o fato de tentar colocar aquelas caixas enormes dentro do carro já era algo muito incômodo.

Agora, se formos pensar sobre os dias atuais, fala-se muito do quanto as pessoas compram experiências além de produtos. Cito alguns exemplos: não compramos o produto Coca-Cola, adquirimos a experiência de almoços e jantares em família. Não compramos o serviço do Uber, adquirimos a experiência de poder aproveitar uma festa e voltar de “carona” sem preocupações para casa. Não compramos os serviços mensais do Netflix e sim, adquirimos a possibilidade de escolher nossa própria programação.

São muitos os exemplos que poderíamos trazer sobre a experiência com a utilização de sistemas, produtos e serviços e tudo isso tem a ver com o termo UX.

Mas então, o que significa UX na prática?

UX é o termo utilizado para definir o trabalho de design centrado nas pessoas. É o conjunto de elementos e fatores que são relativos à interação dos sistemas, produtos e serviços com os usuários. Trabalha para desenvolver as melhores soluções de usabilidade focado nas reais necessidades dos indivíduos. E essa experiência pode ser tanto positiva quanto negativa.

Todo mundo concorda que nem sempre temos a melhor experiência utilizando um serviço ou produto? Trago alguns exemplos para os mais esquecidos: tente cancelar sua linha telefônica, mudar o plano de celular para um mais econômico, pagar todas as suas contas em um caixa automático, esperar para ser atendido no banco.

Nem sempre os responsáveis por desenvolver soluções colocam as pessoas no centro do design ou processo. Desse modo, o uso de tais serviços acaba se tornando uma experiência temerosa. Mas para os que apostam na captação e fidelização de clientes, ter uma experiência memorável faz toda diferença.

## Algumas empresas que apostam no UX: Nubank, Uber, Airbnb, Apple entre tantas outras.

A experiência está relacionada com a pré utilização, utilização e pós utilização. Todo o ciclo que a pessoa vive ao usufruir de algum recurso. Desde pensar em como adquirir até sua continuidade no serviço.

E o mais interessante é que as experiências podem estar presentes nas pequenas coisas: como pensamos em escolher um restaurante para jantar, como somos recepcionados no restaurante, a forma como os pratos são descritos no cardápio, o atendimento, a apresentação dos pratos. E tudo ao entorno: o restaurante, mesas, banheiros.

Dito isso, muitas pessoas se confundem acreditando que UX tem a ver apenas com a utilização de sistemas. Que um Designer de UX se concentra somente em desenvolver as telas do software e pensar na usabilidade, mas não!!! Neste vídeo Don Norman fala um pouco sobre o que ele acredita ser UX e como contextualizá-lo no nosso dia a dia.

Agora que já entendemos um pouco sobre a definição de UX, como podemos aplicar tais conceitos na educação EAD?

Bom, aqui tem uma questão bem interessante. Quando pensamos em plataformas virtuais de aprendizagem, precisamos estar atentos a alguns fatores: a plataforma, a usabilidade dessa plataforma, o modelo de curso que ofertaremos, planejamentos e conteúdos.

Na nossa série de artigos, falamos um pouco sobre o que é desenho instrucional (DI) e como o aplicamos. E é importante ressaltar aqui, pois quando pensamos na estruturação e planejamento de um curso EAD é necessário unir forças. Nesse caso, agregar DI com UX.

Nossa, quanta sigla!!!

Vou explicar: enquanto o UX se preocupa com a experiência de uso não só da plataforma, mas de todo o processo de inserção desde o curso, o andamento e finalização, o DI se preocupa em estruturar o curso, escolher o melhor modelo, metodologia, planejamentos, objetos de aprendizagem, feedback etc. Talvez a mesma pessoa assuma os dois papéis, mas é importante ter um time que se complemente e tenha habilidades distintas. Isso garante maior qualidade e percepção sobre o produto.

Quando pensamos nas plataformas de aprendizagem, observamos que todas possuem uma área para acesso, local onde materiais são disponibilizados, calendários, espaço para notas, local onde o estudante pode alterar configurações. No geral essas são as principais telas. No entanto, existem diversas outras opções que variam de sistema para sistema e, além disso, a forma como essas informações ficam expostas.

Neste momento, começamos a nos preocupar com o UX. Como vai ser esse processo de acesso dos usuários? Quais serão as primeiras informações que precisam ser visíveis? Como os usuários localizam as informações? Eles vão poder personalizar suas páginas? Essas informações e opções serão intuitivas? O que eu ainda não pensei? São muitas indagações e que fazem completa diferença em um sistema bem pensado. Além disso, NUNCA esquecendo de pensar nas pessoas que usarão a plataforma: são crianças, jovens ou adultos? Possuem ou não experiências anteriores com plataformas de ensino? E sobre questões étnicas, sociais e políticas?

Os designers de UX precisam estar cientes desse processo de formação de experiência. Para isso, é necessário pensar no “Por que”, “O que” e “Como”.

  • Por que: motivação das pessoas para adotar o produto. Por que eu quero ingressar na educação EAD? Por que desejo realizar esse curso ou esta formação específica?
  • O que: o que as pessoas pretendem ou podem fazer com o produto. Quais as funcionalidades? Como podem personalizar? Como se darão as aulas, disponibilização dos materiais, conteúdos etc.
  • Como: está relacionado com o design. Como será a usabilidade? Experiência? Como essa plataforma será esteticamente?
Por que a experiência de usuário faz toda a diferença?

A experiência de usuário para plataformas online atua diretamente na captação e fidelização de pessoas. Está fortemente conectada ao engajamento e menor índice de taxas de evasão de curso. Além disso, atua como um diferencial em relação a outros ambientes onde não há a mesma preocupação com os usuários.

Produz nos usuários sensação de segurança e valorização das plataformas. Contribui para o aumento do ensino a distância e equiparação da educação online com a presencial.

Estimula novas pesquisas e projetos vinculando educação EAD e desenvolvimento de sistemas que articulam entre design centrado no usuário e soluções educacionais.

Para saber mais sobre educação EAD, plataformas de ensino, entre outros, continue nos acompanhando!

Fonte da imagem de capa: Pexels