Individualizar o aprendizado do aluno, para que assim ele possa desenvolver suas habilidades através das competências, é uma das maiores tendências educacionais do futuro! Essa nova maneira de se fazer educação ajuda não somente a transformar a realidade educacional, mas também formar profissionais muito mais qualificados e aptos a lidar com as questões socioemocionais.


Aprendizagem por competências: o que é?

Segundo o psicólogo Jean Piaget, o conhecimento humano se constrói a partir da nossa interação com o meio e com o objeto. Ou seja, o aprendizado apenas acontece de verdade quando somos capazes de usar o nosso contexto de vida (nesse caso, as bagagens de conhecimento e a realidade) para interpretar determinado conteúdo.

Quando pensamos em competências logo nos vem à mente o “ser competente”. É claro que no contexto da educação isso quer dizer muito mais do que cumprir um deadline de trabalho ou ser considerado responsável. Na prática pedagógica, a competência se traduz na capacidade do aluno em transformar o teórico em prático, ou seja, em como ele é capaz de pegar todo o conhecimento teórico que adquiriu, confrontá-lo com a sua própria realidade, e traduzi-lo em uma ideia prática.

Segundo o Ministério da Educação (MEC), trazer para a sala de aula as situações significativas e que tenham relação com o contexto do aluno deve ser um dos princípios da educação.

“O jovem aprende a enfrentar desafios através da mobilização de competências frente a problemas significativos para ele. Logo, terão significado para o aluno os problemas referentes ao seu contexto. Cada aluno é único, com histórias e “repertório” diversificados. Cabe a nós, professores, ampliarmos este repertório, esta rede de conhecimentos que o aluno possui e mobilizá-los a serviço do seu desenvolvimento pessoal.”

Aprender baseado em competências é uma ideia muito longe da exposição passiva e, muitas vezes massiva, dos conteúdos. O foco é que o aluno aprenda em seu próprio ritmo e, à medida que ele passa a compreender as competências necessárias, consegue avançar no seu processo de ensino e aprendizagem.

Benefícios das competências em sala de aula

Preparação para a realidade do mercado

Levando em consideração a constante transformação das exigências do mercado de trabalho, mobilizadas principalmente pela nova realidade tecnológica, as instituições de ensino precisam redobrar a atenção à qualidade da formação que vêm oferecendo aos estudantes. Afinal, que tipo de profissional nossas universidades estão entregando ao mercado de trabalho?

É justamente nesse ponto que entram as técnicas de aprendizagem baseada em competências. O futuro profissional precisa saber lidar com muito mais do que suas atividades laborais corriqueiras. Ele precisa dominar suas capacidades socioemocionais, além de ser capaz de raciocinar logicamente e ser um dos motores na resolução de problemas e conflitos inesperados.

Conforme apontado pelo Projeto ALFA Tuning América Latina: Reflexões e perspectivas do Ensino Superior na América Latina:

“Considerando a constante e vertiginosa transformação atual do mercado de trabalho deve-se contar a rapidez com a qual os conhecimentos se tornam obsoletos. É preciso, então, que os alunos incorporem em seus processos de ensino - aprendizados, competências que lhes ofereçam essa capacidade de adaptação permanente à mudança mas, ao mesmo tempo, que os tornem cidadãos responsáveis.”

Autogestão do conhecimento


Cada vez que o professor fornece ao aluno as ferramentas necessárias para que ele possa trilhar seu próprio caminho, esse estudante consegue desenvolver-se com muito mais qualidade e aprende de forma eficaz a lidar com os diferentes contextos.

Para que ele possa ser um agente transformador da sociedade, precisa ser capaz de formular ideias e conceitos próprios, assim como ser capaz de autogerir seu conhecimento, interpretar as situações a partir do seu olhar para o mundo e resolver problemas com agilidade, lógica e compaixão.

A educação é para a vida!

Já passou do tempo de entendermos, não apenas como alunos, mas também enquanto sociedade em geral, que a educação não se limita aos anos que passamos em sala de aula. É um processo contínuo para a vida toda, afinal, ao passo que as transformações e inovações chegam, é necessário que existam capacitações, cursos de aprimoramento e etc. E nesse ponto, o aluno que foi desenvolvido a partir da ideia de aprendizagem por competências passa a conhecer muito melhor suas aptidões individuais, seus gostos, desejos e necessidades.

Desenvolvimento pessoal e profissional

Quando o aprendizado não é estritamente focado em um conteúdo específico, mas sim na construção de competências e habilidades para que ele possa ser interpretado, o aluno se desenvolve para além da sala de aula. E é justamente isso que o mercado e a sociedade buscam dos estudantes: capacidade de administrar e interpretar as situações conforme as necessidades.

Dicas para promover a aprendizagem por competências

Agora que já te contamos um pouco sobre o que são essas competências e os benefícios diretos para a educação e o desenvolvimento dos alunos, vamos te apresentar 3 dicas práticas para tirar essa ideia do papel.

Reformule os currículos e a forma de aprendizagem

Na hora de pensar e idealizar como funcionará o curso, as disciplinas e as aulas propriamente ditas, é preciso ter em mente que a abordagem e as atividades têm que ser interativas, com foco em permitir que o aluno descubra por si. Entregar tudo “mastigado” para ele será apenas mais uma forma de enrijecer o processo de ensino e limitar as suas capacidades cognitivas.

Incentive o protagonismo do seu aluno através desse plano, com tarefas que o engajem (e aqui também cabem as atividades em grupo, que são extremamente importantes para a troca de saberes em sala de aula) e despertem a sua curiosidade.

Incentive-o através do feedback

Todos precisamos ter uma resposta sobre algo que desenvolvemos, não somente pela valorização pessoal, mas também para estabelecer parâmetros de qualidade. Na educação não é diferente! Com os feedbacks constantes, os estudantes desenvolvem a capacidade de ouvir, de construir em conjunto e de aceitar críticas e sugestões. Portanto, cada atividade que for realizada precisa de um feedback - e não esqueça que esse retorno deve ser sempre construtivo!

Mapear as competências a serem desenvolvidas em cada etapa da jornada do aluno dentro da Instituição

Quando falamos nas habilidades que os alunos precisam desenvolver, isso não significa que todos os estudantes da instituição irão sair com as mesmas competências. Cada curso exige que uma parte seja trabalhada com mais afinco que a outra ou de forma mais aprofundada, por exemplo não se espera que um estudante de filosofia tenha desenvolvido, ao longo do curso, exatamente as mesmas competências que um formando em ciência da computação.

E essas diferenças não variam apenas de curso para curso, afinal cada vez mais as disciplinas passam a ser multidisciplinares. Ou seja, mesmo dentro de uma mesma graduação, cada matéria exigirá que o aluno desenvolva uma característica (ou mais de uma).

É exatamente no entendimento dessa diferenciação que entra os coordenadores pedagógicos e gestores, para abrir o caminho e entender o que se espera do aluno de determinado curso ao concluir sua formação. Portanto, se faz necessário um trabalho de mapeamento dessas características tanto para “iluminar” os professores na hora de desenvolver as atividades, quanto para auxiliar os alunos na busca por esse conhecimento.


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