Já é um fato que o mercado de trabalho está cada vez mais competitivo e exigente. E é por essa razão, principalmente, que se faz necessário uma formação profissional completa, diversa e multidisciplinar.

Ainda na ideia de aprofundarmos as possibilidades que as Instituições de Ensino Superior podem explorar na hora de desenvolver melhor as competências e habilidades dos seus estudantes, hoje vamos falar sobre as micro certificações e certificações intermediárias.

O que são essas certificações?

Antes de entendermos o que são, quero que você reflita sobre a seguinte pergunta: Hoje em dia, apenas ter um diploma de graduação é o suficiente para se destacar no mercado de trabalho?

É justamente como uma formação complementar, de curto prazo e com foco bem específico em alguma habilidade, que surge as micro certificações. O profissional que deseja desenvolver melhor uma área específica de conhecimento realiza um curso, na grande maioria das vezes online, com alta flexibilidade e objetivando uma formação concisa e constante.

Outra diferença dessa formação complementar em detrimento dos cursos de graduação mais tradicionais, por exemplo, é a parcela de atividades práticas e objetivas. Justamente por ser focado em uma competência específica, o tempo de duração é relativamente curto e proporciona, portanto, que o estudante possa se desenvolver gradativamente em diversas áreas de interesse.

Como uma forma de oferecer uma formação continuada aos alunos, as Instituições de Ensino Superior devem investir também na oferta das micro certificações. Dessa forma, a jornada de conhecimento do estudante fica muito mais rica!

Como implementar esses cursos dentro da IES?

Como as instituições de ensino superior podem oferecer aos seus alunos uma educação crítica, construtiva e humana tal qual defendido por Paulo Freire? Uma das respostas mais fortes para essa pergunta é, justamente, o incentivo às formações complementares ao curso de escolha: no caso, o que chamamos ao longo desse conteúdo de micro certificações.

Os cursos tradicionais, que tem um currículo fechado no “aqui e agora” da sala de aula, estão perdendo cada vez mais espaço em um mercado em que as universidades querem investir em inovação. Afinal, este formato cria um abismo entre o aluno, a formação escolhida e o próprio mercado de trabalho.

E é focando na diminuição desse abismo que surgem as micro certificações, como uma forma de preparar ainda mais esse estudante para lidar com situações adversas, promovendo uma educação com foco no desenvolvimento de competências e habilidades, além de estimular o senso crítico, a multidisciplinaridade e o trabalho em grupo (todas essas, habilidades altamente exigidas pelo mercado).

Segundo Ana Valéria Reis, Diretora Geral da Unidade de Ensino Serra Dourada, e Fábio Reis, Diretor de Inovação e Redes do Semesp, para o futuro da educação serão raros os currículos divididos em disciplinas fragmentadas.

“A nova IES precisará priorizar uma formação “mão na massa”, realmente ligada às demandas da sociedade, com cursos de menor duração e foco na formação ao longo da vida. Haverá aumento da oferta de micro certificações, que cada vez mais serão um contraponto aos cursos convencionais. Será preciso abandonar a ideia de tempo de integralização, e adotar a oferta de cursos interinstitucionais e o modelo de transdisciplinaridade.’’

Ainda conforme a visão trazida por Ana e Fábio, as Instituições precisam oferecer opções mais flexíveis de formação para os estudantes, dando assim espaço para que ele construa a sua própria trajetória. Uma boa ideia será optar pela oferta de minicursos em formato híbrido, explorando toda a possibilidade de engajamento e flexibilidade do ensino a distância.

“Entendemos, assim, que o novo modelo de organização dos cursos seja voltado a valorizar o sucesso do estudante e gere formas eficientes de engajamento e de retenção dos alunos. Dessa forma, o currículo por disciplinas tende a dar lugar aos projetos integrados. Os cursos serão abertos, flexíveis e irão permitir diferentes trilhas.”

Outros direcionamentos apontados, foram:

  1. As bibliotecas deixarão de ser um local exclusivo de consulta de livros, para se transformar em um espaço de trabalho coletivo;
  2. As Instituições precisarão aumentar a infraestrutura digital, investindo por exemplo em ecossistemas de aprendizagem online (que sejam funcionais e interativos) e novos laboratórios virtuais;
  3. Os estudantes deverão ir à IES não apenas para assistir uma disciplina, mas para desenvolver um projeto coletivo de conhecimento, com orientação de um professor, utilizando recursos tecnológicos;
  4. As salas de aula serão substituídas por diferentes espaços de aprendizagem, onde o estudante poderá assistir a uma aula e aprender de qualquer lugar, em qualquer momento.

Benefícios das micro certificações

Agora que já te contamos sobre o que são e qual o papel da instituição em relação aos investimentos necessários para implementar essa tendência na aprendizagem, vamos elucidar um pouco mais sobre os benefícios diretos e indiretos, tanto para os alunos quanto para a própria IES.

Quando o aluno tem a possibilidade não apenas de descobrir novos conhecimentos, mas também de se conectar com outros estudantes (inclusive, de outros cursos de graduação), se abre uma janela enorme para a troca de experiências, habilidades e interesses. Esse é um ponto bastante importante quando falamos das micro certificações, afinal uma vez que o estudante passa a ter acesso ao novo e se desliga do modelo tradicional - e por vezes ultrapassado - de ensino, ele começa a ser cada vez mais preparado para o mercado de trabalho.

É extremamente importante que as Instituições entendam e coloquem em seus planejamentos estratégicos, planos de desenvolvimento e ação, o desenvolvimento de atividades que auxiliem a preparação do aluno conforme o que o novo mercado vêm exigindo.

Cada vez mais, e se tornando uma tendência inegável, os profissionais bem sucedidos precisam ser dotados de características que vão muito além do conhecimento técnico e operacional. O que está sendo valorizado hoje, é muito procurado pelas empresas, são profissionais capazes de gerenciar sua própria rotina, com senso de liderança, engajamento, habilidades socioemocionais e de trabalho em equipe.

E é justamente esses pontos que devem ser incentivados pelas IES através das micro certificações, dando a oportunidade para que o aluno possa desenvolver essas competências ao mesmo tempo que aprende a nível técnico e operacional. Dessa forma, não apenas o aluno ganha, mas a Instituição passa a ser inovadora, chamando a atenção de futuros alunos e se destacando frente à concorrência.