A evasão escolar é um tema recorrente no ensino superior e mais ainda quando se trata de educação EAD. Não podemos tratar o ensino a distância do mesmo modo como lidamos com cursos presenciais, sejam graduações ou especializações. Layout, design e instrução de curso precisam ser pensados especificamente para um ambiente virtual.
Além disso, devemos pensar em estratégias que de fato engajem os alunos como o uso de metodologias ativas e gamificação. Não esquecendo da importância de definir métricas para acompanhamento do engajamento e conseguir analisá-las de forma efetiva através de relatórios e cruzamento de informações.
Nesse artigo vamos falar sobre estratégias de engajamento e como se valer de práticas ativas na educação EAD para manter nossos estudantes comprometidos com seus cursos online.
Engajamento dos estudantes
Sabemos que o engajamento dos estudantes está ligado de forma proporcional às taxas de evasão acadêmica. Quanto menor o engajamento, maior a evasão. Mas então, como manter esses alunos comprometidos com a proposta e dispostos a concluírem seus cursos? Existem alguns pontos de suma importância e os abordaremos em 5 tópicos:
- Experiência do usuário:
Está ligado à forma de navegação do estudante pelo ambiente virtual. Podemos dizer que é um dos principais pontos de desistência de cursos online. A experiência do estudante pela plataforma digital precisa ser transparente, agradável e intuitiva. Os materiais necessitam estar organizados, bem identificados e descritos. Uma plataforma confusa gera falta de engajamento do aluno. O layout precisa ser adequado, imagens de qualidade, fontes legíveis. Além disso, materiais com multimídias variados: vídeos, podcasts, infográficos, etc. Imagine que esse estudante vai acessar os materiais de um tablet ou celular. Vai aproveitar o deslocamento de um ponto ao outro para estudar, ouvir as aulas fazendo um exercício, enfim, aproveitando seu tempo da melhor forma possível. Os cursos virtuais precisam estar ligados e atuar nesses detalhes para captar e fidelizar seus alunos. - O quanto sabemos sobre nosso público:
Identificar para quem desenvolvemos o curso, como esse grupo se comporta, o que consomem e como enxergam a EAD. Quanto mais sabemos sobre nosso público, mais significativas e personalizadas são nossas aulas. Além disso, é possível destinar o melhor tipo de material e experiência para os estudantes. Nosso público é interativo? Está acostumado com ambientes virtuais? Qual sua faixa etária? Essas são algumas perguntas que podemos fazer para alinhar a melhor proposta - Objetivos e alinhamento de expectativas:
O estudante precisa ter clareza do que vai aprender ao longo do curso. Por isso, ementa e planejamento com tópicos das aulas precisam ser bem descritos e enviados para os participantes dos cursos. Tanto professor quanto estudantes necessitam estar alinhados previamente. Isso pode ser feito através de uma apresentação do professor e de seu plano de curso. Os alunos também podem fazer uma rodada em um fórum para expor suas dúvidas e expectativas. - Canais de comunicação ativos:
Os estudantes precisam ter várias formas de comunicação, tanto com tutores quanto professores, e esses canais necessitam estar ativos. Além disso, os alunos esperam respostas rápidas para suas dúvidas ou requisições. Como a EAD não permite que o aluno tenha um contato direto presencial, ele precisa se sentir abastecido por recursos e ferramentas que permitam seu contato com alguém da instituição. Os canais de comunicação demonstram confiabilidade e comprometimento com os participantes do curso. - Criação de vínculo e sentimento de pertença:
Sentir-se parte de um grupo ou uma instituição de ensino. Fazer parte de algo maior. O sentimento de pertença é fundamental para manter o nível de engajamento dos estudantes. Existem várias formas de criar esse ambiente: o aluno pode receber em casa o cartão de estudante da universidade, acesso a biblioteca virtual, fazer parte de um grupo fechado (whatsapp ou facebook, por exemplo), as aulas serem gravadas em um formato que o aluno se sinta parte da turma, acesso direto ao professor através de canais de comunicação, entre outros. Também, como proposta, divulgação de eventos que ele possa participar de forma online, ao vivo.
Marcia Dixson é educadora e possui diversas pesquisas no campo da educação online. Ela elaborou sua própria escala para avaliar quais atividades ou canais de interação podem assegurar estudantes mais engajados, veja a seguir:
Essas são algumas estratégias que estimulam e fidelizam os estudantes para retenção e diminuição da evasão acadêmica. Porém, depois destas estratégias, como podemos medir o índice de engajamento desses estudantes?
Medindo o engajamento dos estudantes na EAD
Quando abordamos especificamente a educação na modalidade a distância, podemos pensar alguns fatores que são determinantes para entendermos se nossos alunos estão ou não comprometidos com a proposta do curso. Para isso, o professor precisa acompanhar o desempenho de seus alunos.
Existem 5 fatores que ajudam a determinar o nível de engajamento dos estudantes:
- Quantidade de acessos à plataforma digital ou ambiente virtual;
- Finalização das tarefas propostas pelo professor;
- Entrega das tarefas antes ou no prazo previsto;
- Acesso efetivo aos materiais de aula e materiais complementares;
- Interação na plataforma através de fóruns e chats.
Esse formato de medição do nível de engajamento e aproveitamento dos alunos depende do jeito como o curso está organizado e configurado. No entanto, tais métricas podem ser adaptadas conforme cada realidade.
Quando pensamos nos ambientes virtuais, podemos nos deparar com certas ferramentas que auxiliam esse acompanhamento e ajudam a acompanhar e analisar tais métricas.
Como as ferramentas do ambiente virtual podem nos ajudar
A grande maioria das plataformas EAD contam com sistemas de gerenciamento onde é possível extrair e cruzar dados através de relatórios. Nesses casos, normalmente o professor conta com o apoio de um profissional que está orientado para administração e gestão da plataforma. Caso você seja responsável pela administração e também realização dos seus cursos, analise as ferramentas que você tem à disposição e não deixe de utilizar os relatórios. São muito comuns os relatórios de: quantidade de acesso, datas em que a plataforma foi acessada, materiais acessados (inclusive nessa parte é possível realizar um estudo para entender que materiais agradam mais seus estudantes), atividades postadas, entre outros.
As próximas ferramentas que abordaremos não estão conectadas diretamente com as métricas, mas auxiliam no acompanhamento e gestão dos relatórios:
- Notificações: configure seu ambiente virtual para ser notificado sempre que houver algum tipo de atividade por parte dos seus estudantes. Assim você será atualizado constantemente sobre todas as movimentações que acontecem no curso. Poderá criar estratégias quando houver grande parada nas notificações e, até mesmo, entender melhor como desenhar seu curso, caso seja notificado demasiadamente.
- Feedback: você precisa criar alguma estratégia para recebimento de feedbacks da sua plataforma. Isso garante melhoria constante tanto de suas aulas quanto da própria experiência dos alunos no ambiente virtual.
Por fim, podemos usar recursos da nossa plataforma virtual para garantir uma aprendizagem ativa e manter constantemente o engajamento dos nossos estudantes. Uma opção neste caso são as salas de videocolaboração.
Videocolaboração para a promoção da aprendizagem ativa e engajamento
A humanização é um tema que sempre surge quando abordamos a educação online. A tecnologia, para muitos, incita o distanciamento das pessoas e falta de relações sociais. Porém, é possível criar estratégias para não perdermos nossa humanização. As videocolaborações, além de serem importantíssimas para manter o contato entre as pessoas, também colaboram para aprendizagens ativas e engajam os participantes. Vamos citar aqui 5 exemplos de como usar essa ferramenta nas aulas online:
- Reuniões semanais:
Se for possível, marque reuniões semanais com grupos de estudantes para acompanhar tarefas ou trabalhos. Utilize esses momentos para trocas de conhecimento ou revisão do conteúdo. Peça para que seus estudantes tragam curiosidades, tentem linkar os aprendizados do curso com a vida real. - Feedback individual:
Disponibilize um tempo na agenda para conversar individualmente com cada aluno. Você ou os tutores podem atuar. Dê um feedback de como você enxerga o desenvolvimento de seu aluno. Peça que ela faça o mesmo com você. - Esclarecimento de dúvidas:
Abra momentos para conectar com seus alunos e esclareça possíveis dúvidas. Explique aquele trabalho mais longo que você percebeu que muitos tiveram dificuldade. - Acompanhamento personalizado:
Crie trilhas de aprendizado personalizado. Cada estudante é único e individual. Você pode se diferenciar tratando seus alunos dessa maneira. Acompanhe os aprendizados de cada um e não deixe de notificá-los. - Entrevistas com alunos:
Para conhecer melhor o seu público, marque um horário para entrevistá-los, ter uma conversa mais informal. Isso ajudará vocês a se conectarem, criarem vínculo.
Por fim…
Cada curso é um curso, com sua própria proposta, formato e quantidade de participantes. Talvez você não consiga abordar todas as estratégias, métricas e acompanhamentos, mas sempre será possível adaptá-las de alguma forma. O importante é saber que elas existem e que você terá recursos à disposição.