O que o mercado de trabalho busca em um profissional? Se te fizessem essa pergunta há 30 anos atrás, pode ser que a resposta fosse mais relacionada aos conhecimentos técnicos e práticos para desempenhar determinadas funções.

Agora, ao pensarmos nos dias de hoje, o mercado - já saturado de tantas habilidades práticas - passou a ver valor no intangível, subjetivo e emocional. Ou seja, nas capacidades de desenvolvimento interpessoal, forma de se comunicar com o outro, inteligência emocional e por aí vai.

Mas não é uma tarefa fácil desenvolver essas capacidades, afinal não acordamos do dia para a noite aprendendo a lidar com as adversidades. Tudo é um processo, e precisamos ser ensinados de alguma forma a trilhar esse caminho para uma boa colocação no mercado de trabalho.

As Instituições de Ensino Superior desempenham um papel fundamental na preparação dos seus alunos. Por aqui já falamos em como desenvolver as habilidades socioemocionais e estimular o protagonismo do aluno, e seguindo essa mesma ideia hoje o conteúdo será focado nas questões voltadas à empregabilidade! Então, continue lendo para descobrir como as IES podem aplicá-la no currículo.

Porque a empregabilidade é tão importante?

Para entender o porquê é essencial aprender sobre as perspectivas do mercado e desenvolver o maior número de competências possíveis podemos começar pela interpretação de um dado trazido pelo levantamento da consultoria IDados: 40% dos egressos de cursos de graduação, que se encaixam na faixa etária de 22 a 25 anos, não têm empregos de qualidade, deixando seus currículos e diplomas guardados na gaveta!

É claro que esse cenário não se deve exclusivamente à falta de habilidade, afinal precisamos também considerar a crise econômica mundial e as questões relacionadas à pandemia de coronavírus. Mas uma coisa é certa: quanto mais estímulos esses alunos tiverem no decorrer do curso (de soft skills, empregabilidade e etc), mais chances de ter uma boa colocação e/ou recolocação profissional!

Segundo o relatório Global Trends Report, realizado pelo LinkedIn, 92% dos recrutadores consideram as habilidades interpessoais tão ou mais importantes do que o conjunto de habilidades técnicas adquiridas durante a graduação tradicional.

Ou seja, as soft skills são superiores às hard skills nesse cenário. Ainda pelo mesmo estudo, podemos ter acesso ao dado de que quase 90% das contratações mal sucedidas têm como responsável a ausência de características comportamentais e emocionais adequadas.

Conforme apresentado na Comissão Nacional de Investigação em Educação Superior do Reino Unido, que aconteceu em 1997, as Instituições de Ensino Superior deveriam começar imediatamente a desenvolver uma programação específica que contemplasse:


“Os conhecimentos e compreensões que o aluno esperava ter ao concluir o curso; as habilidades-chave de comunicação, habilidade numérica, o uso das tecnologias de informação, além de aprender como aprender; bem como habilidades cognitivas, por exemplo, a capacidade de análises críticas e habilidades específicas de seu curso.”

Porque as IES devem investir na empregabilidade?  

Conforme o artigo ‘Empregabilidade e Competências: Uma análise de universitários sob a ótica de gestores de recursos humanos”, o conceito de empregabilidade surgiu através de educadores que trabalhavam em programas de preparação e facilitação para a conquista de empregos, e buscavam fatores que iriam ajudar os alunos a conquistar esses trabalhos.

Mais recentemente, esse termo passou a referir-se não mais às habilidades específicas de uma profissão, mas sim às características, habilidades e atitudes esperadas em geral para um bom profissional.

As Instituições têm a responsabilidade de formar profissionais competentes e preparados para enfrentar os desafios do mercado de trabalho. E para transformar esses alunos em profissionais de sucesso, é preciso existir um plano de ação que incorpore ao currículo algumas atividades, metodologias e disciplinas pensadas na empregabilidade, ou seja, em preparar o estudante para esse mercado.

Já ficou bastante claro, nesse ponto, que a construção de um bom profissional está longe de ser apenas técnica. É claro que as habilidades operacionais necessárias para determinada atividade são fundamentais, mas o desenvolvimento de competências pessoais e socioemocionais são as grandes responsáveis por transformar um funcionário em um profissional de sucesso!

Como garantir a empregabilidade na sua Instituição

Agora que você já sabe mais sobre a importância das Instituições de Ensino Superior incentivar e promover o contato de seus alunos com atividades e disciplinas para desenvolver as competências necessárias de empregabilidade, podemos passar para a prática: Afinal, como fazer tudo isso dentro da IES?

Como já dito pelo autor e especialista em Educação, Tony Wagner, nós não podemos continuar a educar os alunos da maneira como fomos educados.

“Eles precisam desenvolver habilidades de pensamento crítico, colaboração e adaptabilidade para terem sucesso no mundo de hoje. A educação não deve apenas se concentrar em transmitir informações, mas também em ensinar habilidades práticas que sejam relevantes para o mundo real.”

Enquanto gestor sabemos que a rotina é bastante corrida e o gerenciamento de uma Instituição, pensando aqui desde infraestrutura até recursos humanos e financeiros, é realmente um desafio! E pode até parecer que implementar inovações curriculares não é uma prioridade no momento, mas posso te garantir que são justamente essas inovações que vão colocar a sua IES em evidência e destaque.

Metodologias Ativas para deixar de lado a acomodação!

Um aluno que, por anos, é ensinado que para aprender é preciso ficar em silêncio, ouvir e prestar atenção total no que o professor está falando, com toda a certeza será um profissional acomodado, com muita dificuldade de propor novas ideias e de trabalhar em um grupo interdisciplinar. E, como você já deve imaginar, esse profissional não irá se destacar no mercado de trabalho, justamente por essa característica bem mais reativa e paralisada do que os demais.

Uma forma de evitar que isso aconteça é incentivar a criação de uma cultura de utilização de metodologias ativas na sala de aula. É claro que em um primeiro momento podemos pensar “Ah, mas é papel do professor direcionar como acontecerá a sua aula”, e por um lado esse pensamento está certo. Entretanto, é imprescindível que você, enquanto gestor, oportunize que o seu docente tenha capacidade de aplicar essas inovações pedagógicas (seja através de cursos, workshops, e etc).

Ter contato com o mercado de trabalho desde os primeiros semestres

Uma vez que os estudantes começam a entender como o mercado de sua escolha funciona na prática, ele compreende melhor quais as competências necessárias para que ele se saia bem enquanto profissional, tendo consciência e informações sobre a carreira que está escolhendo e criando desde cedo um networking (fundamental para a colocação no mercado).

Para permitir que isso aconteça a Instituição deve fazer muito mais do que apenas exigir horas complementares e estágios obrigatórios. Não desmerecendo essas atividades, mas por mais importantes que sejam, não são nem de longe uma novidade entre os cursos de graduação.

Agora, imagine o impacto que teria no desenvolvimento dos alunos se a IES construísse parcerias com empresas relevantes (de diversos mercados diferentes) para ter participação ativa no decorrer de toda a graduação!

Incentive que os estudantes cursem disciplinas fora do currículo tradicional

Podemos chamar essa atividade aqui de estudos interdisciplinares ou multidisciplinares, que são excelentes formas de conectar o estudante com a realidade de outro curso, criar relações e contatos próximos, e ter contato com novos conhecimentos.

Quando a IES oferece a possibilidade de o aluno escolher disciplinas possíveis de serem cursadas que estejam fora do seu currículo, oportuniza que ele entenda conceitos de diferentes áreas do conhecimento, compreenda melhor como funcionam os relacionamentos fora de sua bolha e, principalmente, estimule a criatividade e inovação ao expandir seus horizontes.


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