Não tem volta. A tecnologia está aí há um tempo e depende de nós o seu rumo. Com um toque, toda a informação se apresenta. Além de rápida, é atual.

Os primeiros anos de vida de um bebê são essencialmente momentos de vínculo e afeto, no qual inicia um relacionamento com o mundo. E que mundo o espera? Que mundo os pais mostram para este bebê que ali está, pronto para desenvolver-se e tudo aprender? Estes seres, em pouquíssimo tempo, já demonstram intimidade com a tecnologia, parecendo conectados desde o início de suas relações.  Este é o mundo apresentado a eles. A rapidez com que acontecem as mudanças e as informações que temos acesso é surpreendente.

Com o decorrer do tempo, já em idade escolar, muitas vezes à frente de seu desenvolvimento cognitivo e motor, as crianças buscam sonhos eletrônicos através de jogos, possivelmente, mudando padrões de vida. E este é o grande desafio da educação. Como acompanhar este processo do aluno, como fazer com que os conteúdos a serem trabalhados se tornem interessantes e reconhecidos como importantes para ele? A saída é sempre aliar-se à modernidade, não esquecendo do grande desafio que é o de orientar na aquisição de conhecimentos.

Há alguns anos, dando uma palestra sobre bullying em uma escola, dizia aos professores da importância das relações entre os alunos. Crianças, estas, em pleno desenvolvimento. Lembrava a eles que num clicar, todos teriam as informações que necessitavam. Já nas relações, isto não aconteceria. Mesmo depois de anos passados, continuo, cada vez mais, pensando e acreditando no que me fazia refletir naquele tempo. Salientava a importância do professor como um orientador de conhecimentos, deixando de ser um mero transmissor. Compartilhava com eles reflexões acerca de trocas, sentimentos, empatia, de solidariedade de uns para com os outros. Ver este outro como um parceiro de aquisições e crescimento, de caminhada de mundo, e não somente um adversário de jogos que estavam ali à disposição, sem que as verdadeiras relações se estabelecessem. E este momento, para a criança, só será possível dentro de um espaço escolar.

Com toda esta exposição tecnológica, com os conhecimentos advindos dela, a nossa expectativa em relação à educação é que estejamos formando sujeitos críticos, criativos, capazes de buscar e refletir sobre o mundo que aí está. Não esqueçamos que, por detrás de toda esta tecnologia, absorvem tudo de uma forma acelerada e frenética. Porém, como a escola se apresenta neste cenário? Como lidar e chamar a atenção das gerações familiarizadas com todas as possibilidades que a tecnologia apresenta? Como disse anteriormente: aliando-se a ela. Em toda minha caminhada, ficou claro que o uso de ferramentas tecnológicas educativas melhora o rendimento de alunos e possibilita a utilização de esquemas mentais.

A nossa prática educacional sempre foi repetitiva, onde o educando reproduzia conceitos memorizados, decorados para obter bons resultados em avaliações. E assim, ano a ano, acreditava-se que o aluno aprendia, que esta reprodução era indicativo de conhecimento. No entanto, a autonomia de pensamento e uma postura reflexiva não eram reveladas. Era evidente o distanciamento da realidade, como se a escola estivesse à parte do mundo.

Dentro deste contexto, o desafio de fazer diferente foi, pouco a pouco, aparecendo. Com o surgimento de novas tecnologias, este aprendizado tornou-se mais reflexivo, possibilitando, então, o conhecimento. O professor foi percebendo que devia ocupar um novo papel. Necessitava dominar o manejo tecnológico, propor modernas metodologias, recursos didáticos que beneficiassem este aluno em seu processo de aprendizagem. A parceria e utilização adequadas no uso desta ferramenta, sem excessos, têm tornado o processo mais dinâmico, efetivo e interessante para todos.

Nossa finalidade é a de usar esta ferramenta a nosso favor. No entanto, não esqueçamos das relações humanas, do toque no papel, o virar das páginas, o cheiro inebriante de um livro. Com ele, nos conectamos de forma emocional, nos levando a transcender a nossa própria história. Não podemos correr o risco de termos, no futuro, "apertadores de botões", sem imaginação, sem fantasia, sem sonhos, sem argumentação e reflexão sobre a vida.


Este artigo foi escrito por Inára Pereira, psicopedagoga há mais de 30 anos.

Fonte da imagem de capa: Pexels