O ensino superior passa por constantes mudanças no que tange a qualificação de seus processos. Desde propostas pedagógicas a estratégias de mercado para atrair estudantes. As Universidades se reinventam e buscam melhores práticas com o objetivo de atualizar seus cursos e o método de ensino, principalmente na ERA de grandes transformações e definições das esperadas profissões do futuro.
O Brasil, um pouco tímido, ainda caminha para uma direção em que a população tenha capacidade de investir mais em educação superior. De forma consolidada já aderiu práticas de apoio e fomento à democratização do estudo como financiamentos estudantis, bolsas e incentivos do governo através de programas. No entanto, ainda não é suficiente para comportar a demanda populacional.
Seguem os debates para resolução dos desafios: como levar a educação superior do norte ao sul do País? Como criar oportunidades de ensino nas variadas classes sociais? E sobre o estilo de vida das pessoas? Nem todas esperam mais uma educação tradicional presencial. Há os que prefiram organizar suas agendas de estudo, trabalho e lazer conforme necessidades próprias. É possível lidar com tantas singularidades e ao mesmo tempo atingir a todos?
São muitas as incógnitas, não é possível responder tudo em um único texto. Por isso, vamos começar com a seguinte pergunta:
Onde o Brasil se encontra nesse panorama educacional e como as leis governamentais podem contribuir para o acesso a uma educação de qualidade e multifacetada através da modalidade EAD?
Taxa de graduados no Brasil
O Brasil, dentre os países integrantes da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), aparece com uma das menores taxas em representatividade para a conclusão de cursos no ensino superior. Com apenas 17% de jovens adultos (25 a 34 anos), fica muito atrás de países como Chile, Colômbia e Costa Rica, onde o percentual chega a 30%. Se formos analisar a média estimada pela OCDE, fica ainda maior, ultrapassando a margem de 40%. Dados encontrados em Education at a Glance 2017.
Outro levantamento realizado pela OCDE aponta que indivíduos graduados, tendo o Brasil como exemplo nesse demonstrativo, acumulam em nível salarial o dobro comparado a um trabalhador com ensino médio completo. Além disso, a mesma pesquisa, a partir de um olhar social, ressalta a diminuição da violência quando o índice educacional é elevado.
No entanto, mesmo expondo dados relevantes, por que nosso índice educacional para ingresso e conclusão em instituições de ensino superior ainda é tão baixo?
Não é novidade para os brasileiros os dilemas enfrentados para o acesso a universidades de qualidade. Entre oferta e procura existe grande distanciamento perante ao que as instituições oferecem com relação às reais necessidades das pessoas. Como exemplo podemos citar: oferta x demanda, custo x benefício, tempo de dedicação x retorno de investimento…
Graças às políticas para democratização como ENEM, PROUNI e FIES é possível ampliar as oportunidades de ingresso ao sistema superior. Ainda assim, especialmente em instituições públicas há limitação quanto a oferta de vagas. Segundo dados da ABMES (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior), através de pesquisa realizada com estudantes nas regiões de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Porto Alegre, 23% dos jovens entrevistados informaram não ter passado no vestibular para acesso ao sistema público de ensino.
Dificuldades financeiras são outro fator impactante. A mesma pesquisa aponta que 70% dos jovens desistiram de um curso de graduação por não ter condições de arcar com os custos. Ainda com incentivo governamental e possibilidade de financiamento, nem todas as pessoas conseguem se enquadrar nestes parâmetros.
Outros fatores também determinam a busca pelo diploma:
- Como estudar quando as aulas acontecem no mesmo horário do expediente de trabalho?
- Como conciliar trabalho e estudo prevendo logística, tempo e orçamento para deslocamento?
- Como ingressar em um curso específico que fica em outra região?
Olhando para nosso contexto atual é possível democratizar a educação sem perder qualidade no ensino e prever os mais variados cenários e necessidades?
SIM! Podemos citar como uma das respostas a educação EAD (educação a distância). É uma modalidade em ascensão no Brasil e que gradativamente ganha mais espaço nas instituições bem como adeptos para sua utilização. Atualmente já é possível fazer cursos semipresenciais ou 100% a distância autorizados pelo MEC.
Através de uma plataforma de ensino o aluno tem a possibilidade de se conectar com a instituição, professores e colegas. Desse modo, ele se organiza conforme sua demanda de atividades e cria a própria rotina de estudos. Dependendo, apenas, de um computador com acesso à Internet para utilização das ferramentas.
Muitas pessoas acreditam que a educação a distância é menos exigente ou mais fácil. Porém, é preciso refletir sobre essa afirmativa. É necessário muita organização e comprometimento para se manter em um curso nesse formato. Além disso, as obrigações são as mesmas e muitas vezes o estudante precisa criar sua trilha de aprendizado por conta própria. Neste caso, incentiva o estudante a ser mais ativo na própria construção de conhecimento.
Obviamente, as instituições precisam ser amparadas quanto aos processos organizacionais referentes aos seus cenários EAD. É preciso seguir determinadas normas e regimentos.
Como a lei ampara a educação EAD?
Existem duas portarias conferidas pelo MEC (Ministério da Educação) que abordam a educação EAD.
Portaria MEC N° 4.059/04: trata da oferta de 20% da carga horária dos cursos superiores na modalidade semipresencial.
Portaria MEC N° 873/06: autoriza em caráter experimental, as Instituições Federais de Ensino Superior, para a oferta de cursos superiores a distância.
Neste texto vamos explanar a primeira portaria que oferta até 20% de carga horária para disciplinas na modalidade a distância para cursos presenciais. Assim sendo, as instituições de ensino superior precisam garantir um mínimo de 80% em atividades presenciais. O objetivo para criação desta portaria é estimular o surgimento de mais programas orientados para o ensino a distância no território brasileiro.
Desse modo, os centros universitários são autorizados a reformular suas propostas pedagógicas para comportar as novas necessidades, projetando disciplinas que em parte ou em todo sejam oferecidas através de ferramentas multimídias. No entanto, é importante ressaltar que nesses casos o curso oferecido ainda fica na modalidade presencial, o que se torna EAD ou semi presencial são as disciplinas ofertadas no curso.
Como funcionam essas disciplinas EAD ou semipresenciais?
- As atividades propostas nas plataformas de ensino EAD são autogeridas e centradas na autonomia do aprendizado do estudante.
- O professor da disciplina tem liberdade para organizar as métricas de frequência e obrigatoriedade nas entregas EAD.
- Apenas 20% pode ser conferido por modalidade EAD. Garante-se 80% de disciplinas presenciais.
Qual nosso maior desafio?
As práticas EAD ainda que difundidas necessitam de tempo para maturação e popularização. Cada vez mais nos depararemos com cenários virtuais de aprendizagem. Possibilidade de estudar sem sair de casa, organizar rotinas de estudo, adequar estudo e trabalho e até mesmo ter um diploma internacional.
Precisamos, ainda, compreender as diferenças reais da educação presencial e EAD, como tornar o ensino mais personalizado e, de fato, considerar cursos que se adequem às necessidades das pessoas e sejam orientados para o futuro do trabalho.
E você, está disposto a experimentar uma educação EAD? Quais seriam seus prós e contras?