Capacitação de professores para a nova realidade da educação

O modelo de educação mudou! Hoje, e principalmente nos anos que se seguirão, o ensino passará por uma transformação progressiva com o intuito de torná-lo muito mais democrático, acessível e colaborativo. Entidades de todos os âmbitos sociais movem esforços e recursos para que isso se torne uma realidade e os nossos estudantes possam ser os melhores profissionais possíveis no futuro.

A exemplo disso podemos citar ações como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que comentamos recentemente por aqui, além das diretrizes de curricularização da extensão.

Mas hoje vamos tratar de um assunto que, além de unir os pontos que mencionamos acima, é a chave para que todas essas ações possam ser colocadas em prática com eficácia: a capacitação dos professores para a educação do futuro!

O que é a educação do futuro?

Transformação pode ser uma das palavras para definirmos o futuro da educação no mundo todo, principalmente quando falamos em processos educacionais, didática e novas tecnologias. Não mais se trata o aluno como mero receptor de conteúdos e informações desconexas de sua realidade, assim como o professor passa a ser um instrutor para que esse estudante adquira seus próprios conhecimentos a partir de sua interpretação e interação com o mundo.

Sobre o papel da educação, o economista e político francês, Jacques Delors, afirma que é ensinar os alunos a pensar, saber comunicar-se, raciocinar logicamente e ser socialmente independente.

“À educação cabe fornecer, de algum modo, os mapas de um mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permite navegar através dele.”

Para sustentar suas ideias, o economista desenvolveu quatro pilares fundamentais para o futuro educacional do século XXI. Para ele, é necessário que os cidadãos tenham uma aprendizagem ao longo de toda a vida, fundamentada nesses pilares e de formação continuada. Segundo a teoria de Delors:

  1. Aprender a conhecer: Tornar prazeroso o ato de compreender, descobrir, construir e reconstruir o conhecimento para que não seja efêmero, para que se mantenha ao longo do tempo e para que valorize a curiosidade, a autonomia e a atenção permanentemente. É preciso, também, pensar o novo, reconstruir o velho e reinventar o pensar.
  2. Aprender a fazer: Não basta preparar-se com cuidados para se inserir no setor do trabalho. A rápida evolução por que passam as profissões pede que o indivíduo esteja apto a enfrentar novas situações de emprego e a trabalhar em equipe, desenvolvendo espírito cooperativo e de humildade na reelaboração conceitual e nas trocas, valores necessários ao trabalho coletivo. Ter iniciativa e intuição, gostar de uma certa dose de risco, saber comunicar-se e resolver conflitos e ser flexível. Aprender a fazer envolve uma série de técnicas a serem trabalhadas.
  3. Aprender a conviver:  No mundo atual, este é um importantíssimo aprendizado por ser valorizado quem aprende a viver com os outros, a compreendê-los, a desenvolver a percepção de interdependência, a administrar conflitos, a participar de projetos comuns, a ter prazer no esforço comum.
  4. Aprender a ser: É importante desenvolver sensibilidade, sentido ético e estético, responsabilidade pessoal, pensamento autônomo e crítico, imaginação, criatividade, iniciativa e crescimento integral da pessoa em relação à inteligência. A aprendizagem precisa ser integral, não negligenciando nenhuma das potencialidades de cada indivíduo.

Mas ao mesmo tempo, quando pensamos nessas transformações, precisamos considerar que não basta apenas introduzi-las em sala de aula, é preciso dar ferramentas para que os professores e tutores possam tirar o maior proveito possível delas.

E para que isso aconteça, as instituições precisam investir não apenas em recursos tecnológicos, mas também na capacitação do seu quadro docente.

Importância de capacitar os professores

No Brasil muito já se falava sobre a importância de promover a capacitação dos professores em todos os níveis educacionais, mas foi em 1996 que essa ideia passou a integrar a legislação brasileira através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDBE).

No documento garante-se que a formação continuada dos profissionais da educação acontecerá por meio de cursos de conteúdo técnico-pedagógico, incluindo habilitações tecnológicas.

“Garantir-se-á formação continuada para os profissionais, no local de trabalho ou em instituições de educação básica e superior, incluindo cursos de educação profissional, cursos superiores de graduação plena ou tecnológicos e de pós-graduação.” Parágrafo único Art. 62.

Mas deixando um pouco a obrigatoriedade de lado, precisamos entender também os impactos e benefícios diretos para a educação quando as instituições investem humana e intelectualmente nos seus professores. Afinal, se estamos todos buscando trilhar um caminho pedagógico inovador e muito mais inclusivo, nada mais essencial do que munir de conhecimento quem nos conduzirá para essa transformação.

O professor da Universidade de Erechim, Arnaldo Nogaro, em seu livro Primeira Infância: espaço e tempo de educar na aurora da vida, defende que o ser professor é muito mais do que entrar em uma sala de aula, falar por 3h e esperar que os alunos absorvam aquele conteúdo.

“O exercício da docência exige mais do que possuir conhecimento e saber aplicar técnicas pedagógicas. A condução de um grupo de alunos e desenvolvimento do trabalho pedagógico exige do professor capacidade de conhecer, aplicar, ressignificar conhecimento como também organizar e mobilizar os discentes para que aprendam.”

Como promover essa capacitação?

Como já mencionamos anteriormente nesse artigo, é papel da instituição de ensino (seja a nível básico, médio ou superior) promover e fomentar a formação continuada e permanente de sua grade de professores para que toda e qualquer tecnologia e metodologia possa ser empregada com eficácia na prática pedagógica. Entendendo isso, passamos para a parte prática: de que forma essas instituições podem colocar as capacitações em prática?

A instituição deve entender qual ou quais os seus objetivos educacionais e empresariais. Em um primeiro momento é interessante que se volte o olhar para os valores, visão e metas da instituição enquanto espaço de conhecimento. Dessa forma, é possível identificar: O que se espera desses profissionais? Qual o papel da gestão nesse processo? Onde a instituição quer chegar e quem quer atingir?

Outra coisa essencial é saber se a cultura organizacional da instituição está alinhada com as novidades e transformações pedagógicas, quanto aos valores dos próprios professores. Caso sejam identificadas lacunas nessa comunicação, é papel da gestão reorganizar essa cultura a fim de que todos os envolvidos tenham objetivos alinhados e possam atuar em comunhão.

Alguns exemplos de atividades de formação continuada para os professores podem ser:

  1. Cursos de formação completa, como idiomas;
  2. Cursos rápidos;
  3. Workshops e palestras;
  4. Congressos especializados, seminários e fóruns;
  5. Canais de comunicação constante.

Em resumo, atividades com foco no aperfeiçoamento de algum conhecimento específico ou ainda na descoberta de habilidades completamente novas fazem parte daquilo que chamamos de capacitação dos professores.


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