Falar sobre educação é sempre importante e rende debates significativos para toda a comunidade. As palavras do ativista Nelson Mandela definem muito bem a relevância dessa discussão ''A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo''.

Que a educação pode mudar o mundo não é uma novidade. Os países considerados ''os melhores para viver'', como Suécia e Noruega, são também os que mais investem em educação desde os anos iniciais até a pós-graduação.

O cenário atual da educação brasileira, entretanto, ainda está longe do ideal. A falta de incentivos e políticas públicas aliadas ao surgimento da pandemia de covid-19, reforçaram as desigualdades regionais em relação ao acesso e qualidade educacional.

Educação em 2020: O ensino remoto falhou?


A emergência provocada pela pandemia exigiu ações rápidas e orquestradas para que fosse possível realizar o isolamento social. Assim, escolas do Brasil inteiro fecharam as suas portas do dia para a noite, e adotaram o modelo de ensino remoto - como determinado pelo Ministério da Educação.

Segundo uma pesquisa do IBGE, em setembro de 2020, 54% dos estudantes brasileiros de ensino fundamental e médio estão desmotivados, enquanto 68% apontam dificuldades em estudar em casa.

Um dos grandes motivos para esse desempenho é, sem dúvidas, a desigualdade individual e regional: falta de acesso a internet e dispositivos digitais para acompanhar as aulas online, além de pouco orçamento fiscal e coordenação federal para investir em planos de aprendizagem

Pesquisa COVID-19: Políticas Públicas e as Respostas da Sociedade

Recentemente nos deparamos com essa pesquisa, organizada pela Rede de Pesquisa Solidária, com foco em avaliar o desempenho da educação brasileira entre os anos de 2020 e 2021, ou seja, durante o período de pandemia.

O artigo traz alguns dados acerca do Índice de Ensino a Distância (IEAD), que mede diariamente a qualidade dos programas de ensino remoto oferecidos pelas escolas públicas dos estados brasileiros logo após o seu fechamento, em 2020.

O IEAD é formado por quatro componentes de avaliação:

  • Os meios de transmissão: todos os canais em que foram oferecidas as aulas remotas (vídeos, rádio, televisão ou internet);
  • As formas de acesso: o que foi ofertado aos estudantes para auxiliar o acesso às aulas e exercícios, como celulares e apostilas;
  • A supervisão dos alunos: como funcionou a supervisão das atividades e participação em aula.
  • A cobertura: quais níveis foram abarcados pelos programas de ensino remoto (ensino infantil, fundamental e médio).

Os dados obtidos com essa análise mostraram que em 2021 os programas de educação remota tiveram melhor desempenho em comparação com o ano anterior: a nota ( em uma escala de 0 a 10) passou de 2,7 em 2020, para 5,1 neste ano.

Esse aumento se justifica, segundo o estudo, pela compreensão de que o ensino presencial não exclui o remoto - e vice-versa - e que é preciso sempre aprimorar ambos.

''No ano de 2020, o índice expôs as fragilidades dos programas de educação a distância propostos pelos estados e pelo DF.  Já em 2021, apesar da ausência de esforços do Governo Federal (e do Ministério da Educação) para orquestrar a oferta do ensino remoto, os estados lidam com os desafios e adentraram o ano de 2021 com planos mais robustos. ''

Contudo, uma certa imagem de ''fracasso'' do modelo emergencial remoto parece pairar no Brasil. E isso tem relação quase que intrínseca com a falta de esforços e monitoramento por parte do Ministério da Educação, que segundo a pesquisa ''não atrelou as transferências de socorro fiscal às necessidades dos estados.''

Tudo isso corrobora para evidenciar as desigualdades já mencionadas, em que os estados mais ricos têm maior potencial para aperfeiçoamento do ensino EAD em relação aos menos ricos.

''Como resultado de uma política que não canalizou recursos para quem mais necessitava, os estados mais ricos, que já tinham melhor capacidade instalada e, por isso, teriam feito bons programas a despeito da ajuda financeira, foram aqueles que estruturaram os planos mais abrangentes.''

Já em 2021, após mais de um ano de pandemia, o capital financeiro deixou de ser o maior influenciador do desempenho educacional. Ou seja, o estado que soube destinar os recursos certos e de forma organizada para a educação foi o que aumentou o índice anterior. Em outras palavras: quem priorizou, melhorou!

A conclusão geral alcançada pela pesquisa aponta que, mesmo não havendo melhora na equidade de distribuição orçamentária por parte do Governo Federal, os estados brasileiros melhoraram os seus planos educacionais com um aprendizado institucional.

''O Governo Federal não primou pela equidade na distribuição do socorro fiscal, tampouco assumiu a condução do enfrentamento da pandemia na seara educacional. Deste modo, os governos locais ficaram incumbidos da elaboração e da implantação dos planos de ensino a distância – nesse contexto, o efeito aprendizado foi mais intenso naqueles estados que preservaram o orçamento da educação, denotando que as escolhas orçamentárias, no ano de 2020, fizeram a diferença.''

O futuro será híbrido?

25 estados brasileiros já iniciaram a retomada de aulas presenciais em escolas particulares, e na rede pública todas as unidades federativas já deram os primeiros passos para a instalação de modelos educacionais híbridos.  Atualmente, 15% de todas as escolas municipais do Brasil já adotam esse modelo de ensino.

Estudiosos e educadores defendem que estamos no momento ideal para a transição no nosso modelo de ensino, que passaria a basear-se em uma profunda imersão entre o aluno e o mundo tecnológico.  

Um dos maiores nomes brasileiros sobre estudos de ensino híbrido, Lilian Bacich, explica que as tecnologias digitais precisam deixar de funcionar apenas como um recurso para dinamizar os conteúdos, e passar a ser um elemento mediador da aprendizagem.


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