Com o advento do novo ensino médio, itinerários formativos e novas leis para a EAD, é importante compreender como colocar tudo isso em prática dentro das escolas. Um ponto bastante positivo é que cada região do Brasil, com auxílio de seus conselhos, conseguirá personalizar alguns cenários dentro das normativas. Isso significa que nem todas as instituições terão que ofertar os mesmos itinerários ou carga horária EAD. Por outro lado, como toda essa mudança ainda é inédita, é necessário ter cautela para implementar soluções de qualidade.
Ainda haverá muitas discussões e debates acerca desse assunto, porém também é importante iniciar os planejamentos para readaptações e períodos de transição. Neste artigo vamos falar um pouco sobre como colocar esses desafios em prática e quais pontos a escola e os gestores podem dar atenção especial.
Compreender o novo ensino médio e seus desafios
O primeiro passo é estudar sobre a nova BNCC (Base Nacional Comum Curricular), seus princípios e principais tópicos de discussão. Compreender os itinerários formativos, suas características e importância. Trazer para a prática como esses itinerários podem ser agentes efetivos na transformação da educação. Junto aos conselhos locais, criar estratégias e um currículo heterogêneo que contemple a diversidade.
Construir as principais atividades e qual o papel de cada envolvido no processo. Definir carga horária do docente e como ele atuará como orientador dos estudantes escolhidos para atividades EAD. Compreender como se dará esse cenário na prática e como será o seu acompanhamento.
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Garantir uma infraestrutura adequada
Quando pensamos em infraestrutura, logo surge a palavra tecnologia. Ela é fundamental para a inserção da EAD. Mas não basta inserir tecnologias a toa! Ela necessita ter qualidade e amplitude.
- Internet de qualidade, seja ela wireless ou cabeada a partir de laboratórios de informática ou demais espaços escolares. Todas as atividades que envolvem educação a distância necessitam desse suporte. Precisa ser de qualidade e disponível para todos os envolvidos.
- Laboratórios de qualidade para que professores, alunos ou demais indivíduos tenham condições de acessar um computador para desenvolver suas atividades EAD.
- Ambiente virtual de aprendizagem que será o agente mediador entre professor e aluno. Ou outro ambiente que tenha a capacidade de realizar um acompanhamento adequado para atividades na modalidade a distância.
- Demais recursos que se apresentem necessários para o desenvolvimento das atividades, seja um tablet, software ou até mesmo tutores que farão um acompanhamento mais direto através dos ambientes virtuais de aprendizagem.
Criar boas metodologias de ensino e aprendizado
Nesse processo de desenvolvimento de um novo ensino médio será importante torná-lo cada vez mais prático e próximo da realidade dos estudantes. Pensar em métodos de ensino que sejam efetivos para suas aprendizagens e complementem o processo dos itinerários formativos e das atividades EAD de modo que sejam realizadas com seriedade e participação ativa, tanto do professor quanto dos alunos.
A forma de lidar com o aluno através da educação a distância muda completamente, pois não há o mesmo contato direto como no modelo presencial. Desse modo, ainda que essas atividades ocorram em parte da carga horária, como pensá-las de modo a engajar todos os envolvidos? Desenhá-las para que não sejam mais um processo pelo qual o aluno se sentirá tentado a evadir do ensino médio.
Capacitar o corpo docente
De modo geral, os professores não estão prontos para os desafios da EAD. Isso implica em diversos fatores não somente metodológicos como também de gestão e organização pessoal. Dito isso, é preciso ter clareza e transparência para, acima de tudo, compreender em que momentos esses professores atuarão para então desenvolver as melhores técnicas.
O EAD requer alguns cuidados e atenção especial no que diz respeito a própria navegação e administração do ambiente virtual, criação de objetos de aprendizado de qualidade, maneiras de acompanhar e entrar em contato com os alunos, como manter o mesmo engajado e atuante.
Será preciso uma jornada própria para os educadores se sentirem seguros e preparados. Desenvolver planos de ação que contemplem uma caminhada formativa que seja capaz de apresentar melhores soluções, tecnologias e metodologias.
Envolver a comunidade
Muito do que se passa nas instituições de ensino não é traduzido para a comunidade. É importante que esta se sinta parte e, em determinados momentos, participe de uma gestão mais democrática. Isso significa fazer com que o entorno da escola compreenda as mudanças e queira passar por esse período de transição junto. As famílias precisam compreender o que acontece e os seus porquês. Efetivando a participação dos jovens e adolescentes e os incentivando a integrarem em suas vidas as mudanças do ensino médio.
Apresentar aos alunos as novas perspectivas
Qual o papel dos jovens nesse processo? Será que eles compreendem o impacto disso em seu futuro? Os jovens, no decorrer do ensino médio, estão passando por um momento de transição muito importante. Estão se tornando mais adultos e compreendendo seu papel na sociedade. Além disso, precisam tomar muitas decisões sobre seus projetos pós escola.
Independente do ensino público ou privado, todos possuem seus desejos e sonhos. Mais do que nunca, diante desse cenário ainda desconhecido, é extremamente importante apresentar essas novas propostas aos jovens para que participem e compreendam a necessidade dessas mudanças justamente em prol de seus futuros.
Fazer testes pilotos
Não existe inovação sem erros ou equívocos. Esse processo faz parte de toda implementação inédita, como é o caso do atual cenário para o ensino médio. Desse modo, por mais planejados que sejam os projetos, sempre haverá movimentos fora do percurso ou consequências de ações não pensadas previamente.
Desse modo, realizar testes iniciais diminui o risco. Além disso, oportuniza conhecimento mais profundo sobre todas as perspectivas do projeto e possibilidade de melhoria contínua. Iniciar um projeto teste por um ano ou por uma turma, dependendo do tamanho da instituição, ajuda inclusive na segurança de alunos e professores para que tenham a oportunidade de conhecer todo o ciclo do processo.
Colher feedbacks e avaliar os resultados
Ao final de cada ciclo ou projeto é importante que haja um momento para discussão e retomada. Quais lições foram aprendidas? O que podemos melhorar? Quais pontos deixaram a desejar? Esse processo é fundamental para a melhoria de qualquer atividade. Tanto alunos e professores quanto gestão e comunidade podem compartilhar desse momento. Nesse ponto, a gestão participativa é muito bem acolhida. Por fim, documentar o que foi vivido e as principais lições para constituição de uma base sólida que dê sustentação para novos projetos e propostas.
Algumas escolas ainda terão bastante trabalho nesse processo de transição, principalmente para aquisição de infraestrutura de qualidade e formação de docentes. No entanto, esse trabalho não poderá acontecer de forma solitária. Tanto governo quanto comunidade escolar precisarão se envolver para fazer com que essa proposta de mudança dê certo.
É possível criar um espaço rico e cheio de novas oportunidades para os estudantes, é possível implementar EAD e obter resultados satisfatórios. No entanto, nenhuma mudança será efetiva sem planejamento e gestão. É preciso ter seriedade e comprometimento com o novo ensino médio, acreditar na sua nova estrutura e estudar a fundo as melhores práticas. Desse modo, será possível mudar e qualificar as escolas de educação básica.
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