Storytelling no EAD: como usar as narrativas ficcionais para transformar suas aulas
Você conhece o poder de uma boa história?
Cada vez que contamos uma história estamos compartilhando algum tipo de conhecimento. Seja da forma mais básica, como quando crianças nós escutamos os contos e experiências de vida dos mais velhos; ou na escola, quando um conteúdo é apresentado criando uma história com começo, meio e final, sendo capaz de segurar a nossa atenção.
Edvânia Teixeira, autora do livro Cultura, arte e contação de histórias, defende a importância da história na formação pessoal.
“A contação de histórias é atividade própria de incentivo à imaginação e o trânsito entre o fictício e o real. Ao preparar uma história para ser contada, tomamos a experiência do narrador e de cada personagem como nossa e ampliamos nossa experiência vivencial por meio da narrativa do autor. Os fatos, as cenas e os contextos são do plano do imaginário, mas os sentimentos e as emoções transcendem a ficção e se materializam na vida real.”
Hoje queremos abordar o impacto dessa contação de histórias, que chamaremos aqui de Storytelling, no ambiente de sala de aula virtual.
Storytelling para engajar no conteúdo
Sabe aqueles números ou teorias ultra complexas que os alunos, muitas vezes, apresentam dificuldades em aprender? Bom, isso tem uma explicação bastante clara: atividades e aulas monótonas, sem movimento e desafios, dificilmente seguram a atenção do aluno por muito tempo.
Com as novas tecnologias, como por exemplo a oferta de novos jogos, mensagens em redes sociais ou apenas navegações aleatórias são incessantes e tendem a dispersar o estudante do conteúdo de sala de aula com facilidade.
Evitar que isso aconteça através da aplicação dos conceitos de storytelling na aprendizagem não é tão difícil quanto se pensa. Paul Smith, autor do livro Lead With a Story: A Guide to Crafting Business Narratives That Captivate, Convince, and Inspire, explica que:
“Em qualquer grupo, aproximadamente 40% serão alunos predominantemente visuais, que aprendem melhor com vídeos, diagramas e ilustrações. Outros 40% serão auditivos, aprendendo melhor através de palestras e discussões. Os 20% restantes são cinestésicos, ou seja, aprendem melhor fazendo, experimentando e sentindo. Contar histórias tem aspectos que funcionam para todos os três tipos”
Diferente do que muitas pessoas possam pensar, utilizar recursos ficcionais em conteúdos não é uma estratégia apenas para chamar a atenção de crianças. O psicólogo Keith Oatley, que desenvolveu uma pesquisa sobre o poder da ficção no cérebro humano, afirma que essas narrativas são capazes de despertar diversos sentidos e emoções em pessoas de qualquer idade, funcionando como uma simulação do mundo social.
“Quando lemos ficção nos tornamos mais aptos a compreender as pessoas e suas intenções, e os pesquisadores estão reconhecendo agora que na imaginação há algo importante a estudar”
Uma boa narrativa é capaz de criar um conteúdo único, que engaje não apenas pelo enredo propriamente dito, mas também pelo poder de identificação e perspectiva dos alunos! Por isso, para que a sua estratégia de storytelling seja eficaz, não basta apenas escolher um personagem e inseri-lo no contexto do conteúdo: é preciso conhecer recursos narrativos e estimular o pensamento crítico.
Tecnologias a favor do conteúdo
Quando falamos em aulas online, é imprescindível que o professor tenha domínio das tecnologias educacionais e exercite a sua criatividade para construir uma história que possa envolver esses recursos tecnológicos. Por que não usar gamificação para desenvolver personagens coletivamente, por exemplo?
O que queremos deixar claro nesse tópico é que não se deve limitar o storytelling apenas a fala ou leitura. Você pode tentar uma construção coletiva a partir de um jogo, como mencionamos anteriormente, ou utilizar recursos da própria plataforma para que os alunos ajudem ativamente no desenvolvimento desse enredo.
Se você ministra suas aulas através do Elos, sabe que as nossas funcionalidades são pensadas justamente para estimular essa interação constante. Portanto, use as enquetes para descobrir a opinião dos alunos sobre determinado assunto da história ou, para desenvolver a narrativa em grupo, as notas compartilhadas ou o compartilhamento do Google Docs é uma boa opção. Enfim, as possibilidades são inúmeras, basta utilizar a criatividade e estimular os alunos a fazer o mesmo!
Como começar?
Bom, depois de explicar um pouco mais sobre o conceito dessa técnica, vamos falar sobre os primeiros passos para construir o seu storytelling.
Assim como qualquer planejamento de aula, começamos por duas análises: do tipo de conteúdo e do objetivo que se quer atingir. A primeira parte é a mais técnica e pragmática, uma vez que deve seguir o seu cronograma previamente estabelecido. Já a segunda é muito mais emocional e subjetiva, afinal você estará definindo o que espera que os alunos aprendam com tudo isso.
Em seguida passamos para a parte de preparação. Dominando o conteúdo que será apresentado e entendendo o objetivo que você quer alcançar ao fim do processo, chegou a hora de começar a pensar no enredo ideal para o seu storytelling. Aqui vão algumas dicas importantes:
- Tenha em mente o público que será atingido: se você é professor de cursos iniciais, a narrativa deve ser adequada à idade dos seus alunos.
- Leia o seu material e pense: como eu posso tornar isso mais interessante de forma a capturar a atenção dos alunos?
- Pegue uma folha de papel, ou use alguma tecnologia que prefira, para fazer um brainstorming de todas as ideias que passarem em sua mente;
- Selecione essas ideais e defina qual é a mais adequada para você utilizar em sala de aula;
- Aplique o que foi desenvolvido em aula e peça o feedback dos alunos para sempre aprimorar a sua narrativa.
A aplicação: criando a história
Existe uma teoria, criada pelo psicólogo Serge Moscovici, que explica um pouco mais sobre as formas com que as pessoas armazenam as informações em suas mentes. Uma parte dessa pesquisa fala justamente sobre o poder de transformar o abstrato em concreto, ou seja, materializar um conceito usando estratégias figurativas como histórias, analogias e metáforas. Essa abordagem pode ser utilizada para explicar conceitos matemáticos, por exemplo, tornando a explicação mais palpável e compreensível.
Criamos um exemplo básico para te ajudar a entender um pouco melhor sobre o storytelling e como ele pode ser aplicado em conceitos matemáticos
Essas técnicas podem se aplicar a qualquer disciplina, desde que tenha uma boa construção e uma boa narrativa. Um ponto importantíssimo de se compreender é que esse conceito não é algo estanque e definido, ou seja, cada desenvolvimento seguirá as necessidades, aptidões e interesses tanto do professor quanto dos alunos. E essa mutabilidade, no fim das contas, é o que torna tudo mais especial!
Cada disciplina e cada conteúdo pedirá uma preparação diferente! A história que será utilizada não necessariamente precisa ser curta ou longa. Se o conteúdo será passado em três aulas, por exemplo, esse storytelling pode ser desenvolvido ao longo desse período, ou a cada aula pode ser uma história diferente. Você decide :)
A única convenção para que o seu storytelling seja um sucesso é que deve existir um (ou mais) personagens, um enredo e um final de história. Mas quem tornará esse personagem interessante e construirá todo o enredo é o professor.
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