Como utilizar metodologias ativas na educação EAD
A educação EAD já vigora há bastante tempo, no entanto ainda passa por fases de transição e adesão. Nos últimos anos, com o apoio do Ministério da Educação (MEC), foi possível aumentar sua carga horária em cursos presenciais e até mesmo criar ofertas de cursos totalmente a distância. No entanto, mesmo aumentando os índices educacionais, principalmente para ingresso na educação superior, ainda é possível perceber um número considerável de evasão de cursos nessa modalidade.
Será que os cursos EAD estão oferecendo a melhor metodologia de ensino? Neste artigo vamos te ajudar a entender um pouco mais sobre as metodologias ativas e como podemos utilizá-las para melhorar esse cenário.
Educação semipresencial
A educação semipresencial caracteriza-se por uma divisão entre as aulas presenciais e virtuais. A sua organização depende dos objetivos do curso, da forma como o professor conduz e, até mesmo, das tecnologias que são disponibilizadas. Esses formatos se aplicam tanto para cursos livres quanto para graduações e especializações, mas para o último caso é preciso estar atento às especificações da instituição.
No nosso artigo anterior já falamos bastante sobre metodologias ativas. Vamos agora detalhar mais os processos dessas metodologias e como podemos aplicá-las na educação EAD.
Sala de aula invertida
Para utilização dessa metodologia é importante que professores e estudantes estejam alinhados e compreendam como se dá esse método de ensino. Ela visa principalmente a autonomia do estudante. Na sala de aula invertida, como o nome já sugere, é esperado que o estudante faça a pesquisa prévia do conteúdo e tenha o professor como um mediador ou facilitador.
Todo o conteúdo base da disciplina é disponibilizado virtualmente ou por outro meio. Os alunos buscam as informações, leem, preparam-se e chegam para as aulas com todos os conhecimentos introdutórios. Nos momentos presenciais o professor foca nos debates, resolução de dúvidas, explicações mais específicas.
Com certeza esse seria o mundo ideal da sala de aula. As aulas não seriam tão teóricas e generalistas. Além disso, já seria possível mapear os interesses dos alunos, suas opiniões, argumentar de forma mais precisa sobre tópicos e assuntos. Os professores conseguiriam proporcionar mais atividades mão na massa.
É muito comum, com todas as transformações educacionais, escutarmos que não é preciso mais memorizar, ou teorizar tanto determinados assuntos. Porém, é fundamental a construção de uma base sólida de conhecimentos para realização de atividades mais complexas. Essa solidez só se dá através do estudo, pesquisa, leitura e memorização (uma das primeiras habilidades cognitivas que devemos desenvolver).
O professor também precisa estar preparado para esse método de ensino. Principalmente entender que ele não é o detentor do conhecimento. Que assim como os alunos ele também aprende constantemente. Seu trabalho é de pesquisador da mesma forma que seus discentes. Quando temos alunos verdadeiramente autônomos em uma sala de aula precisamos entender que suas curiosidades são tremendas. As indagações são as mais diversas e, em muitos casos, não teremos as respostas. Isso já implica em uma estrutura de sala diferente.
Não faz mais sentido que todos se sentem enfileirados e olhando para frente. Esses espaços precisam promover as trocas entre os pares e grupos, assim como fornecer recursos para pesquisa: livros, revistas, dicionários, mapas, computadores, tablets, etc. A sala se transforma em um organismo vivo onde todos são ativos de alguma forma e o aprendizado acontece verdadeiramente.
Ensino híbrido e ensino combinado
Esse dois métodos são parecidos, pois seus objetivos são incorporar aulas presenciais e EAD ao currículo. Temos como exemplo disciplinas semipresenciais em que parte se dá por meio presencial e parte por ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Neste caso, é imprescindível o uso de um AVA. O aluno tem obrigatoriedade de realizar tarefas pelo meio virtual, bem como se comunicar com colegas e professores ou tutores.
Existem muitas formas de estruturar essa etapa virtual: o professor pode organizar videocolaborações, entregas de tarefas, criar fóruns para manter contato entre alunos, etc, depende muito da proposta da disciplina e da instituição.
O professor precisa conhecer muito bem o AVA da sua instituição para utilizá-lo da melhor forma. Destacamos esse ponto pois a navegação e as atividades propostas precisam chamar a atenção dos alunos, motivá-los e engajá-los. Não é diferente para os alunos, os mesmos também precisam conhecer as ferramentas e entender como funcionam os ambientes virtuais. Ainda estamos nesse processo de transição de aula presencial para EAD, então é muito difícil para algumas pessoas conseguir aderir de modo tão fácil a este modelo. As instituições precisam dar suporte e disponibilizar formações quando necessário.
O objetivo é conseguir combinar os dois formatos e não criar barreiras para dificultar o ensino.
Educação totalmente a distância
E para a educação 100% EAD? As pessoas que aderem a esse formato de educação, tanto professores quanto alunos, já entendem seus processos ou estão mais abertos a este modelo. Nesses casos, é mais fácil implementar metodologias ativas e outros recursos para engajamento. Já temos muitas universidades que estão atuando totalmente EAD, assim como diversos cursos livres.
Porém, nem todas utilizam as metodologias ativas. A metodologia ativa neste caso requer que, mesmo que de modo virtual, haja algum tipo de mão na massa e interação do aluno: seja por meio de atividades, videocolaborações, interações com seus colegas. Por isso, metodologias ativas não se aplicam aos cursos em que o aluno assiste as aulas gravadas e depois realiza exercícios para validar seus conhecimentos. Precisa ir além, explorar recursos que exijam interação do estudante.
Vamos citar duas formas de se trabalhar com metodologias ativas na educação 100% EAD:
Peer Instruction: é conhecida principalmente no mundo das MOOCS. A Peer Instruction implica no aprendizado entre pares. Dentro de cursos online significa que os próprios participantes comentam, corrigem e até avaliam as atividades uns dos outros. No caso das MOOCS, como são cursos abertos e massivos, fica muito difícil um feedback individual do professor para todos os alunos. No entanto, é muito produtivo receber e dar feedback para os colegas. Aumenta significativamente o aprendizado, cria redes de relacionamento e abre espaços para novos assuntos e tópicos de discussão.
Gamificação: alguns autores compreendem a gamificação como uma metodologia ativa, outros como ferramenta para apoiar as metodologias ativas. No entanto, não poderíamos deixar de citar seu nome. A verdade é que, para cursos totalmente online, sua utilização é muito bem vinda. A evasão e desistência de cursos online ainda é muito alta. Isso se dá principalmente pelo tipo de contato que o aluno tem com o professor, colegas e atividades. Muitos ainda não estão preparados e se sentem sozinhos nessa jornada de aprendizado. A gamificação vem justamente para dar esse “up”. Ela incentiva o aluno a continuar os estudos, motiva e eleva o nível de engajamento. Atua assim como um jogo, que faz com que o jogador fique dominado pela vontade de passar as fases, desvendar os mistérios e resolver problemas. Utilizar todos esses conhecimentos de jogos dentro de um ambiente virtual cria mais conexão entre os aluno e o curso. Existem alguns cursos online que ensinam técnicas de gamificação:
- COURSERA: Gamification oferecido pela Universidade da Pensilvânia
- DESCOLA: Estratégias de jogos
- FIAP: Gamificação para o mundo dos negócios
Conheça mais sobre o universo de possibilidades envolvido nas metodologias ativas e como utilizá-las para revolucionar as suas aulas!
Não podemos deixar de pensar estratégias para os cursos EAD. As metodologias ativas são instrumentos muito eficientes e, quando bem utilizadas, garantem uma aprendizagem significativa e um engajamento constante.
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