Interação no EAD: por que estimular as conexões?

“O conhecimento é o produto da interação entre a pessoa e o meio, mas o meio entendido como algo social e cultural, não apenas físico.”

Hoje queremos começar esse artigo de uma forma diferente, citando o psicólogo bielorrusso Lev Vygotsky, que defende a importância da interação social e cultural para o desenvolvimento cognitivo, acadêmico e pessoal.  Ele nos apresentou, no início dos anos 2000, a sua teoria sociointeracionista para propor uma mudança nos paradigmas de aprendizagem. Para ele, o desenvolvimento é fruto da aprendizagem e das interações entre os indivíduos e o meio em que se encontram.

Quando pensamos em interação, logo vem a nossa mente as salas de aula cheias de estudantes e os pátios da instituição ecoando as conversas. Esse com certeza é um cenário bastante conhecido no Brasil, afinal o modelo de ensino presencial ainda representa uma grande parcela das instituições de ensino. Mas se tratando de um modelo a distância, ou ainda no formato híbrido de ensino, como desenvolver a interação e o quanto isso representa para a qualidade da aprendizagem?

Existe interação no remoto?

Se engana quem pensa que só porque os corpos físicos não estão juntos, deixa de existir conexão e identificação entre as pessoas. Te convidamos a imaginar um cenário de uma sala física e de uma sala virtual desenhando um comparativo: a sala em si ainda existe, só que agora em uma plataforma de videoconferência; a biblioteca também, mas é acessada pelo desktop através da internet; as conversas continuam dentro dos chats online e redes sociais.

De acordo com uma pesquisa desenvolvida pela University of Potomac, que se propôs a traçar um paralelo comparativo entre o ensino tradicional e o online, 77% dos educadores acreditam que o EAD é tão bom quanto o presencial, e 70% dos alunos disseram que as instruções recebidas no modelo remoto é igual ou superior ao tradicional.

Com isso queremos dizer que, por vezes, pode parecer que o digital está “roubando” a nossa socialização. Mas na realidade, ele surge como mais uma ferramenta para promover a interação e torná-la muito mais constante do que antes. Só estávamos acostumados a um modelo tradicional, mas tudo precisa ser atualizado não é mesmo?

Para além dessa análise mais psicológica do ensino online, queremos falar um pouco sobre a importância de a instituição promover a interação e oferecer ferramentas à disposição dos estudantes e professores para que esse processo ocorra com fluidez.

Em seu referencial de qualidade para instituições de ensino superior à distância, o Ministério da Educação define que a interatividade e interação é fundamental e deve ser garantido pela IES.

“O uso inovador da tecnologia aplicada à educação deve estar apoiado em uma filosofia de aprendizagem que proporcione aos estudantes efetiva interação no processo de ensino- aprendizagem, comunicação no sistema com garantia de oportunidades para o desenvolvimento de projetos compartilhados e o reconhecimento e respeito em relação às diferentes culturas e de construir o conhecimento.”

Portanto, não só essa comunicação deve existir e é uma exigência por parte do órgão federal responsável para uma boa avaliação de qualidade educacional, como também é responsabilidade da instituição de ensino assegurar e dar ferramentas para que aconteça.

Interação como indicador de qualidade educacional

O mercado está cada vez mais competitivo e o perfil do aluno - consumidor - muito mais exigente. A grande oferta de cursos e instituições de ensino, leva o estudante a ser mais criterioso na sua escolha e optar por aquela que mais lhe trará benefícios.

Recentemente encontramos uma pesquisa desenvolvida pela divisão de insights do Facebook, que trata sobre os novos caminhos para a Educação. Durante 12 meses a equipe entrevistou 644 alunos ou prospects de cursos online. Ao final, foi apresentado alguns conceitos importantes que farão parte das necessidades dos estudantes em relação a sua profissionalização.

Dentre eles foi apontado a necessidade de que o curso ideal "permita a interação com os professores e os alunos em tempo real” e “disponibilize comunidades/grupos virtuais para estudo coletivo”.  Cerca de 55% dos entrevistados afirmou que as aulas virtuais ao vivo são o melhor formato para as aulas, uma vez que as dúvidas podem ser tiradas na hora e a interação acontece mais facilmente.

Aula Virtual e os meios para comunicação

As plataformas digitais voltadas à facilitação da educação, como os Ambientes Virtuais de Aprendizagem ou os softwares de videoconferência, estão em crescimento exponencial e, cada vez mais, buscando otimizar seus recursos para melhorar a qualidade da experiência dos alunos.

Segundo a professora estadunidense de ciência da informação, Starr Roxanne Hiltz, a comunicação mediada por computador está adaptada à implementação de aprendizado colaborativo. Para ela, tanto o professor quanto o aluno têm espaço para serem ativos no processo de ensino.

“A Sala de Aula Virtual é um um sistema computacional aprimorado para o aprendizado e a comunicação. Na Sala de Aula Virtual os alunos dividem seus pensamentos, questões e reações com professores e colegas, através do computador e do software.”

Comunicação aluno - professor

Uma das vantagens do online em detrimento do presencial é, justamente, a facilidade de comunicação entre os alunos e os professores. Isso acontece porque, uma vez que as atividades síncronas acontecem em um ambiente de sala de aula virtual, o aluno só precisa abrir o seu microfone ou digitar no chat público para conseguir uma resposta imediata do professor.

Já nos ambientes virtuais assíncronos, os fóruns de discussão e espaços para mandar mensagens privadas assumem o papel de meio para que essa interação aconteça.  

Em suma, no ensino a distância o professor está mais tempo disponível para responder as questões e tirar as dúvidas dos estudantes.

Outro ponto importante nesse processo é a possibilidade de o professor armazenar as perguntas enviadas pelos alunos e assim construir um perfil de estudante muito mais completo para compreender as suas reais necessidades.

Fóruns de Discussão

Todas as formas de interação devem ser exploradas pelos docentes para que as aulas sejam mais atrativas e estimulantes para os alunos. No AVA, por exemplo, ele pode fazer uso dos fóruns de discussão para promover a interação entre os alunos e ajudá-los a criar conexões entre si.

Uma boa dica é criar mais de um fórum durante o semestre e que sejam guiados por uma pergunta mais genérica e que possa estimular a conversa. Por exemplo: “O que vocês mais gostam de fazer no tempo livre?” ou ainda “Deem dicas de como se organizar para dar conta de todas as atividades.”

Além disso, os fóruns são ótimos espaços para tirar dúvidas em relação ao conteúdo, ou deixar algum material de apoio para que os alunos possam discutir e debater entre si.

Criando conexão entre os alunos

Mesmo que o EAD tenha apresentado um grande crescimento nos últimos anos, uma das dúvidas que ainda pode pairar na cabeça dos alunos é: será que através de uma tela eu consigo conhecer as pessoas?

Interagir com os colegas é essencial para construir uma aprendizagem significativa, e auxiliar na socialização e desenvolvimento de competências emocionais. Pensando que os estudantes estão distantes e comunicando-se através de uma tela de computador ou celular, não basta apenas incentivar a fala durante a aula: é preciso ter estratégias mais amplas e assertivas.

Vamos te mostrar algumas opções que o professor pode utilizar em sala de aula e empregar no currículo.

Chegamos ao fim desse artigo, e queremos te deixar uma mensagem: não importa qual o modelo de ensino ou as metodologias de aprendizagem, promover a interação e investir em ferramentas facilitadoras faz parte do caminho para atingir o sucesso do seu curso!

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