História da EAD no Brasil e no Mundo
Atualmente sabemos o quanto a educação a distância está presente em nossas vidas e é comum para cursos, tanto na modalidade livre quanto para especializações, e até mesmo mestrados e doutorados. Não imaginamos mais o ensino de outra forma, principalmente em virtude de nossas vidas atribuladas e demandas diárias que exigem, cada vez mais, que o nosso dia tenha mais do que 24 horas.
Pensar em se locomover até um espaço físico de aprendizado para alguns já é algo impensável. Além do mais, para estudar e se aperfeiçoar não é necessário especificamente de uma entidade ou instituição. Temos tudo o que precisamos em um notebook, smartphone, tablet ou até as televisões smart.
Todo esse processo de virtualização de conhecimento e aprendizado remoto possui uma história. Nem sempre tivemos dispositivos eletrônicos ou acesso à internet. Ainda assim, o EAD já existia e era praticado. Sem dúvida, o formato de educação a distância é um grande ganho para a sociedade e, por isso, nesse artigo contaremos um pouco sobre sua história e como se desenvolveu no âmbito mundial e, particularmente, no Brasil.
Sobre suas origens
Bem antes do acesso à internet nós já nos comunicávamos a distância e, ainda que hoje isso pareça óbvio, na época não era. Pensar na troca de cartas e correspondências como forma de ensino e aprendizado certamente era algo inovador. E foi o que aconteceu! Já em 1728, na cidade de Boston, o professor Caleb Phillips oferecia um curso de taquigrafia. Esse curso era divulgado por meio do jornal local, já contendo o detalhamento do endereço para envio das correspondências. Imagina o trabalho para abrir as cartas, ler, responder e ainda mandar as devolutivas!
Outros instrutores e docentes também pensaram nesse método como forma de escalar seu produto. Aos poucos, universidades também começaram a utilizar tais práticas. Podemos citar como exemplo a Suécia em 1833 na instituição de Lund e, posteriormente, a Inglaterra em 1840.
Com o passar dos anos, demais países perceberam essa prática como algo para incluir povoados e alunos distantes e com grande dificuldade de acesso aos centros urbanos. Podemos dizer que essa mudança culminou nos primeiros modelos de democratização da educação.
Os cursos disponibilizados ainda eram muito específicos, como o ensino de taquigrafia, datilografia, estudos bíblicos e línguas estrangeiras. Todos bastante focados para o aperfeiçoamento profissional ou complementação dos estudos superiores, já que, de forma alguma se realizavam cursos de graduação e muito menos de especialização.
Nesse processo de desenvolvimento e profissionalização da EAD, aos poucos começaram a surgir materiais impressos, padronizados e até mesmo a disseminação das famosas lâminas. Na imagem abaixo podemos identificar esse momento histórico como sendo a 1º geração.
O segundo momento de grande impacto certamente foi a presença do rádio e posteriormente da televisão, que, em parceria com a correspondência, possibilitava o desenvolvimento de telecursos. Posteriormente, com o advindo dos equipamentos de videocassete, foi possível comprar cursos inteiros. As universidades também se valeram dessa prática promovendo conteúdos mais elaborados.
Inclusive, muitas universidades nessa época já contavam com estúdios de audiovisual. Naquela época, havia até diretores de filmagem, maquiadores e equipes de apoio. Houve grande mobilização para o desenvolvimento de núcleos EAD dentro das instituições. As transmissões também era feitas via satélite e, para alguns centros educacionais, ter um canal de TV dedicado aos seus alunos era extremamente inovador. No entanto, manter essa estrutura não era nada barato. Por isso, o momento e movimento da internet foi tão importante e impactante. Podemos considerar sua chegada como o grande marco da EAD e, de fato, da democratização do ensino.
Atualmente contamos com milhares de universidades que focam seu ensino por meio do EAD. Também contamos com os open courses ou MOOCs (Massive Open Online Course - Massivos Cursos Online Abertos) e, não menos importante, o ensino informal. Este último se dá através dos canais no YouTube, podcasts e diversas outras opções que são disponibilizadas na internet sem necessariamente estarem ligadas a uma instituição ou ter uma organização de planejamento e objetivos.
Alguns fatos importantes no Brasil
No Brasil, o EAD passa a ser considerado uma possibilidade de ensino formal após sua homologação na Lei de Diretrizes e Bases de 1996. Com isso, muitas escolas e institutos incluem em suas grades a possibilidade de cursar algumas disciplinas de forma remota, mesmo que ainda mais tímidas.
Além disso, práticas como o Telecurso 2000 se espalham por todas as localidades, tendo como proposta possibilitar às pessoas a conclusão de seus estudos na educação básica. Hoje o Telecurso está repaginado e é reconhecido como Novo Telecurso, porém suas aulas ainda acontecem por meio dos canais de televisão abertos, específicos de cada região, e também por meio de canal digital.
Já em 2004 e 2006 contamos com novas portarias do MEC que impulsionam o ensino superior por meio da educação a distância. Podemos dizer que o grande boom do ensino EAD aconteceu no Brasil por volta dos anos 2000, onde surgiu uma grande quantidade de novas faculdades voltadas especificamente para a educação virtual. Além disso, houve a construção e disseminação de polos de ensino por todos os cantos do Brasil. Grandes potências, como a rede Anhanguera, assumem grande importância e relevância para a qualificação da classe C, que, com os antigos modelos educacionais, possuía bastante dificuldade de ingresso em instituições de graduação e pós graduação públicas e privadas.
Em contrapartida, para identificar, regulamentar, acompanhar e qualificar essa enorme disseminação de instituições, funda-se a ABED (Associação Brasileira de Educação a Distância) com um corpo totalmente voluntário e escolhido através de eleições livres. Seu papel é compreender como, no Brasil, forma-se esse ecossistema complexo de instituições e monitorar as migrações entre cursos presenciais, EAD e híbridos, acompanhando as tendências.
Em 2016 já contávamos com mais de 1,5 milhão de estudantes matriculados na educação a distância e, pelo menos, 200 faculdades EAD (como você pode ver na imagem abaixo). Muitas ainda passando pelo processo de autorização e homologação no MEC (Ministério da Educação).
Isso só ilustra a grande migração para os novos formatos e opções de ensino e o quanto o EAD se desenvolveu. Ainda estamos compreendendo seus impactos na educação e não se sabe qual será o modelo de maior sucesso. Muitos estudiosos acreditam que no futuro próximo, cursos no formato híbrido serão os mais procurados e escolhidos. Essa modalidade contará com momentos EAD e momentos presenciais, movimentando os alunos para o desenvolvimento de relacionamentos virtuais e face a face.
Enquanto isso, seguimos acompanhando esse grande sucesso e apostando no formato de ensino a distância como potencializador da democratização e acesso ao conhecimento.