Ensino médio a distância: bom ou ruim?
4 outras formas de se concluir o Ensino Médio no Brasil
A configuração do novo ensino médio já gerou diversas polêmicas e discussões sobre sua composição e, principalmente, os itinerários formativos. Aprovado às pressas, preocupou educadores e demais envolvidos sobre a qualidade de sua aplicação na escola. Na prática, conselhos locais e instituições se adequam às medidas e ensaiam as primeiras disciplinas optativas, bem como cursos e oficinas.
Em adição a este fato, surge um novo cenário: a possibilidade de educação a distância para o ensino médio. Porém, por se tratar de um assunto novo, ainda aparecem muitas dúvidas e também discordâncias sobre essa e demais decisões. É preciso ressaltar que a proposta não aprova em totalidade a EAD e sim uma porcentagem. Desta porcentagem, prefere-se que seja destinada às atividades do itinerário formativo.
Como este modelo de ensino nunca foi testado antes em larga escala para a educação básica muitos acreditam que influenciará negativamente. E você, o que pensa?
A EAD existe há muito tempo, os entusiastas da velha guarda recordarão os cursos de datilografia por correio e até mesmo, mais modernos, via satélite. A verdade é uma: quando se quer, se aprende. Obviamente, com o advindo da Internet, foi possível massificar a oferta e melhorar sua qualidade. Mas agora, não pensando em cursos formais, e sim no aprendizado, quem nunca aprendeu a cozinhar ou fazer algo assistindo vídeos no YouTube ou outra fonte de mídia? O conhecimento está em todos os lugares e aprendemos das formas mais variadas. Quando estamos interessados em algo, simplesmente vamos atrás da informação. E, atualmente, informação é o que não falta!
A EAD é mais um instrumento tecnológico que serve como apoio para a educação. Ela não é a solução e certamente sozinha não resolverá os problemas educacionais.
No mais, sem tecnologia e recursos fica inviável sua utilização. Isso significa que é necessário ter pelo menos computadores e acesso à Internet, tanto para o estudante quanto para a instituição de ensino. Sabemos qual a realidade de nossas escolas públicas, por isso será necessário um plano de ação que componha um projeto ou proposta de implementação de tecnologia de qualidade.
Em diversos lugares a EAD já é utilizada com sucesso, principalmente no ensino superior. O que as pesquisas apontam é que não é a EAD que faz a diferença e sim como a instituição de ensino conduz seus cursos. A qualidade de cursos superiores é medida pelo ENADE (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) e suas notas podem variar entre 1 e 5 através das provas realizadas pelos estudantes ingressantes e concluintes de graduação. Dado a este fato, percebeu-se uma variação entre instituições e cursos EAD, como no ano de 2017 em que o curso de Pedagogia da Universidade Federal de São Carlos (um curso presencial) obteve a nota 4,6, enquanto a Unopar do Pará (um curso EAD) no mesmo ano atingiu a nota 1,5, sendo esta abaixo da desejável ( estipulada em 3).
Essa situação só reforça que a qualidade do ensino está nas mão da gestão educacional e estudantes e que a tecnologia é mais um recurso à disposição do aprendizado, seja ela analógica ou digital.
Ensino a Distância ou Docência?
Outro aspecto extremamente relevante é a preocupação de substituição de professores pela tecnologia. Isso de forma alguma acontecerá, pois a tecnologia não substitui o papel do professor em sala de aula. Principalmente no momento em que vivemos onde as relações se fazem tão necessárias. O docente não passa a informação, essa já existe em excesso na Internet e em outras mídias. Seu compromisso está na mediação e curadoria de conhecimentos. O aluno não pode e nem consegue realizar sua caminhada educacional sozinho. Dificilmente concluiria seus estudos com eficácia sem algum acompanhamento especializado.
Tanto EAD quando docência caminham juntas. Além disso, hoje presenciamos o maior momento de descredibilidade do professor, o que significa perda de profissionais qualificados para lecionar, principalmente em escolas do setor público. Estamos com déficit de educadores em diversas áreas do conhecimento. Algumas universidades estão encerrando determinadas licenciaturas por falta de alunos. É um cenário histórico muito triste para a educação brasileira.
Carlos Longo, diretor da Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância) é bastante realista ao salientar que hoje não possuímos profissionais suficientes para atender todas as escolas, logo a EAD pode ser uma solução para esses casos. Por isso, é preciso haver debates e discussões conscientes e sem preconceito. Sem desvalorização ou supervalorização desta ou daquela metodologia, tecnologia, etc.
Ainda passamos por muitos embates referentes ao novo modelo de ensino médio. No entanto, trata-se da educação regular. Grande parte da população necessita de outros modelos de ensino médio para concluir seus estudos. Alguns, inclusive, já se baseiam na EAD.
Outras formas de concluir o Ensino Médio
Há alguns bons anos outros formatos de ensino médio se fizeram necessários para alcançar o maior número de pessoas pensando nas mais diferentes localidades e classes sociais. Infelizmente ainda somos uma das populações com menor índice de concluintes na educação básica, mesmo sabendo que esta é etapa obrigatória para inserção no mundo profissional para quem deseja pleitear uma vaga de trabalho, para mais informações acesse.
Encceja
Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) é uma prova organizada pelo Inep que dispõem de provas objetivas separadas pelas áreas do conhecimento. Este exame, fundado em 2017, vigorou com o objetivo de substituir o ENEM para quem pretende concluir o ensino fundamental e médio. Um bom resultado garante um certificado válido de conclusão, tanto fundamental quanto médio.
A inscrição é totalmente gratuita e deve ser realizada pelo próprio site do Encceja nos períodos determinados pelo MEC. Só é permitido realizar uma prova por ano. Isso significa que para aqueles que pretendem terminar fundamental e médio é necessário realizar cada exame em um ano diferente.
As provas são de múltipla escolha e uma redação. São construídas a partir da BNCC (base nacional comum curricular) e de acordo com os PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais).
EJA
Educação para jovens e adultos conta com um modelo parecido com o ensino médio regular, no entanto com o período menor. Além disso, tem possibilidade de realização tanto no modelo presencial quanto EAD. Para conclusão do ensino fundamental é destinada para maiores de 15 anos e ensino médio para maiores de 18 anos. Ela contempla todos os ciclos da educação básica, desde os anos iniciais como alfabetização.
Pode ocorrer tanto em instituições privadas especializadas na EJA, como em instituições públicas onde, normalmente, se tem o ensino regular nos turnos da manhã e tarde e a educação para jovens e adultos no turno noturno. Seu ciclo de conclusão para ensino fundamental gira em torno de dois anos e para ensino médio, por volta de um ano e meio.
Supletivo
O supletivo atualmente foi substituído pelo EJA, no entanto sua nomenclatura continuou sendo utilizada para cursos de preparação para exames nacionais, como o Encceja ou o popular provão do EJA. Todos os cursos supletivos são disponibilizados nas modalidades presenciais e a distância. A inscrição é gratuita e pode ser realizada no site da instituição.
Telecurso
Fundado nos anos 70, tem como objetivo difundir conhecimento através da televisão para a maior quantidade de pessoas nas mais diferentes regiões que desejam concluir seus estudos. Atualmente, denominado por Novo Telecurso, ganhou novos livros e vídeos atualizados com inserção de mais conteúdos e disciplinas.
As teleaulas podem ser assistidas pela televisão (Canal Futura, TV Cultura, TV Brasil, TV Brasil Internacional, Rede Vida, TV Aparecida, TV Nazaré, TV Prove, Rede Minas, Rede Gênesis e Globo Internacional) ou Internet com total autonomia do aluno, ou através de instituições privadas e públicas parceiras do projeto. Para o aluno conseguir seu certificado tanto do ensino fundamental quanto médio é necessário que se inscreva para realização do exame Encceja.
Pode parecer novo mais não é. A modalidade de EAD já está difundida há bastante tempo e até mesmo no ensino médio em seus outros formatos além da educação tradicional. E pelo que percebemos, já foi responsável pelo desenvolvimento de milhares de pessoas que só conseguiram seu diploma e desenvolvimento pessoal e profissional através e com parceria dessa tecnologia.
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